Archive for the ‘política cultural’ Category

manifesto em defesa da cultura

Segunda-feira, Julho 30th, 2012

“Austeridade” na cultura não destrói só o que existe, destrói o que fica impedido de existir. Os teatros nacionais, os apoios à criação artística e ao cinema encaminham-se para uma ainda maior desresponsabilização do Estado e para a entrega ao “mercado”. Para as áreas do Património, dos Museus, dos Sítios Arqueológicos, das Bibliotecas, dos Arquivos, a catástrofe é iminente.
Para nós, que afirmamos que esta crise não tem saída democrática sem a intervenção determinante dos trabalhadores e do povo, a Cultura deve assumir um papel central. A Cultura enquanto serviço público que assegura o direito de todos ao acesso à criação e à fruição cultural. A Cultura, com o seu imenso potencial de criação, liberdade, transformação e resistência. A Cultura que, tal como a emancipação do trabalho, é parte essencial do futuro.
Trata-se de um problema nacional, mas com impactos directos a nível local. O estrangulamento da actividade cultural reflecte-se em Coimbra, com espaços encerrados por meses, museus com horários reduzidos, múltiplas entidades culturais com a programação suspensa ou reduzida, funcionários e artistas despedidos, com salários em atraso e em regime de crescente precariedade.
Caso não haja uma inversão de rumo, caminhamos para uma total paralisação e para uma irreversível destruição da oferta cultural e artística na cidade.
POR TUDO ISTO, EXIGIMOS 1% DO OE PARA A CULTURA!

 

Leia AQUI a versão integral do manifesto nacional.

Acompanhe AQUI as actividades do Núcleo de Coimbra e saiba como pode juntar-se ao movimento. Participe, porque o problema é seu!

1% para a cultura – conferência de imprensa no TCSB

Segunda-feira, Julho 23rd, 2012

A Escola da Noite acolhe na próxima quarta-feira (bar do TCSB, pelas 11h00) a conferência de imprensa de apresentação do Manifesto em Defesa da Cultura – Núcleo de Coimbra.

O objectivo é divulgar o texto original e as actividades a realizar nos próximos tempos.

A sessão é dirigida à comunicação social mas aberta a todos – criadores e públicos.

Afinal, esta questão diz respeito a toda a gente.

Apareça!

 

Concursos para apoio às artes 2013 – 2016: comunicado

Segunda-feira, Julho 9th, 2012

Já depois do Festival das Companhias, e na sequência de várias vozes que denunciaram o silêncio do Governo quanto ao futuro do apoio às artes em Portugal, o Secretário de Estado da Cultura prometeu em audição parlamentar apresentar “o cronograma” dos concursos para 2013 até ao final de Junho.

Não o fez. Em vez disso, o Director-Geral das Artes deu uma entrevista à Antena Um, apontando vagamente o mês de Setembro para a abertura de “todas as modalidades de apoio” (plurianuais, anuais, pontuais, tripartidos e internacionalização), para todas as áreas artísticas (teatro, dança, música, artes plásticas e cruzamentos disciplinares).

Alheio aos retratos de calamidade e de verdadeiro estado de sítio em que se encontram as estruturas de criação artística em Portugal, Samuel Rego não hesita em fazer um balanço “extremamente positivo” do seu primeiro ano à frente da Direcção-Geral das Artes e manifesta-se “feliz” com os resultados alcançados.

Questionado sobre o orçamento de que dispõe para abrir estes concursos (pelos quais passa, à excepção do cinema, o essencial do financiamento público à criação artística em Portugal), afirmou que ele só será revelado no aviso de abertura, em Setembro. Mas deixou cair um número, referindo-se ao montante aplicado pelo Governo, em 2012, no apoio directo às artes: 12 milhões de Euros.

Desconhecemos as intenções do Director-Geral das Artes ao referir este valor neste contexto, mas repudiamos antecipadamente qualquer eventual tentativa de o tomar como referência para a definição do orçamento para os próximos anos. Em 2012, o investimento do Estado nesta matéria resumiu-se aos contratos quadrienais e bienais, assinados em 2009 e em 2011 e em relação aos quais aplicou um corte de 38%!

Abrindo, como a lei prevê, todas as modalidades de apoio para o próximo ano, o Governo tem não só a obrigação de repor as verbas que excepcionalmente foram cortadas em 2011 e 2012 como também a de incluir o orçamento necessário aos apoios anuais e pontuais (que não funcionaram em 2012) e aos apoios à internacionalização (uma novidade introduzida, com valores simbólicos, pela actual equipa governativa).

Para além disso, o corte de 2012 foi feito na sequência de um outro corte (de 15%, aplicado em 2011 às estruturas com apoios quadrienais) e em cima dos resultados do último concurso para apoios bienais (2011-2012), que determinaram uma redução média de 18% (mas que no caso de algumas estruturas ultrapassou os 30%) em relação aos contratos do biénio anterior. Como se constata nos quadros anexos, o montante investido pelo Estado no apoio às artes sofreu, desde 2009, uma redução global de 43% (menos 8,8 milhões de Euros). Se considerarmos o valor médio por projecto ou estrutura apoiada, essa redução é ainda mais significativa: 48%.

Caso o Governo não reponha este valor, estaremos perante um logro, ainda por cima apresentado com a demagogia que os valores absolutos e a palavra “milhões” sempre facilitam. Mais grave ainda, estaremos perante o agravamento e a perpetuação da situação de desastre em que as estruturas de criação já estão neste momento – redução das equipas de trabalho ao mínimo, proliferação da precariedade dos seus colaboradores, endividamento crescente, incapacidade de planear a sua actividade e de assumir compromissos a médio prazo, consequente incapacidade de recorrer a outras eventuais fontes de financiamento. Dificuldades essas – recorde-se – que não resultam de nenhuma megalomania das estruturas ou de gastos não previstos. Elas decorrem exclusivamente do facto de o Estado ter cortado unilateralmente, em dois anos consecutivos, verbas que estavam contratualizadas.

Neste contexto, o único valor aceitável como referência nos concursos prometidos para Setembro é o montante que foi aplicado em 2009, na última vez que houve, em simultâneo, concursos para as quatro principais modalidades de apoio (quadrienais, bienais, anuais e pontuais). Só esse montante – 21 milhões de Euros – permitirá ao Governo falar de “manutenção” dos apoios e só com essa verba será possível manter condições mínimas para que a criação artística de serviço público sobreviva em Portugal.

9 de Julho de 2012

A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra
ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve
Centro Dramático de Évora
Companhia de Teatro de Braga
Teatro das Beiras
Teatro do Montemuro

Outras posições públicas destas companhias

10/06/2012 – Comunicado final do V Festival das Companhias

28/06/2010 – “O corte de 10% nos contratos com o Ministério da Cultura” [comunicado final do IV Festival das Companhias]

24/07/2009 – “Criação artística em Portugal: contributos para uma nova política”

14/06/2009 – Comunicado final do III Festival das Companhias

18/10/2008 – “Concursos de apoio às artes 2009: discussão pública”

29/08/2008 – Carta aberta ao Ministro da Cultura

Da miséria à nulidade

Sexta-feira, Julho 6th, 2012

Claúdia Oliveira

Tenho sempre próximo de mim um pequeno conjunto de livros que gosto de reler amiúde, de saborear pedacinhos. A mancha de texto não muda, as palavras permanecem as mesmas, contudo, essa imutabilidade é meramente aparente porque encontro sempre nelas novidade.

Domingo despertei numa cidade de céu plúmbeo e mergulhada numa chuva incessante. Olho de relance para a pequena pilha de livros e escolho as “463 Tisanas” da Ana Hatherly. Na tisana 415 leio: “o tempo é uma espécie de revelador fotográfico ao contrário: faz com que as imagens em vez de aparecerem, desapareçam”. É triste essa ideia de perdermos imagens. Aliás, é triste a ideia de perdermos coisas.

Olho com maior atenção para o tal montinho de livros, alinhados pela sua lombada e penso como seria triste perdê-los. Leio o nome dos seus autores e, egoisticamente, penso como a minha vida seria infinitamente mais pobre se não os tivesse lido, se nunca tivessem existido.

Já imaginaram acordar num sítio onde não há memórias, não há livros, não há música, não há imagens, não há representações? Já imaginaram acordar num país desprovido de cultura? Sinto um arrepio.

Mas esta é a realidade para onde nos querem arrastar. Esta será em breve a realidade de um país que destina 0,1% do seu orçamento para cultura.

Existem neste momento, pelo menos seis companhias regionais de teatro à beira de fechar as portas. São instituições com décadas de contributo público, que apesar das adversidades resistiram até ao limite para tornar o quotidiano de Coimbra, da Covilhã, de Braga, de Évora, de Faro ou da Serra de Montemuro muito mais rico. Os cortes na ordem dos 38 a 60% no seu financiamento público, que já era mínimo, para não dizer ridículo, os atrasos nos pagamentos, a incerteza total criada pelo silêncio do Governo quanto ao futuro, não lhes permite continuar a sobreviver (sim, porque é de sobrevivência, e não de vida tranquila, que se trata). Perder estas companhias é perder história e perder futuro, sobretudo em locais em que os constrangimentos regionais são por si só limitadores de uma multiplicidade de escolha.

Desinvestir na cultura, da miserabilidade para a nulidade total, é diminuir-nos a uma mera mecanicidade, através da limitação das nossas escolhas e dos nossos espaços de vivência e aprendizagem.

Em relação à cultura, este Governo é pior que um revelador fotográfico, é uma verdadeira ausência de filme para revelar.

Cláudia Oliveira

jurista, assessora no Parlamento Europeu

artigo publicado no jornal Região de Leiria

Catarina Martins na Assembleia da República: “esta é a política da terra queimada”

Sexta-feira, Junho 15th, 2012

Declaração política da deputada do Bloco de Esquerda, a propósito do comunicado divulgado na segunda-feira por seis companhias da descentralização: