Archive for the ‘política cultural’ Category

carta aberta

Quarta-feira, Outubro 31st, 2012

O Núcleo de Coimbra do Manifesto em Defesa da Cultura lançou ontem uma carta aberta, na sequência do Dia em defesa da cultura e a propósito da proposta de Orçamento Geral do Estado que está a votação.

A Escola da Noite transcreve-a na íntegra e associa-se à pergunta que nela é feita:

 

O ORÇAMENTO “ADEQUADO”?
[Carta aberta aos membros do Executivo Municipal e da Assembleia Municipal de Coimbra e aos deputados eleitos pelo distrito de Coimbra]

27 iniciativas culturais em 14 espaços diferentes da cidade. Cerca de 80 artistas envolvidos, para além de membros do Manifesto em Defesa da Cultura. 1345 novos subscritores do manifesto nacional. Mais de três mil pessoas a assistir às actividades realizadas.

No passado dia 29 de Setembro, Coimbra deu um sinal muito forte em defesa da cultura. E, em concreto, em defesa da importância da criação artística na vida das pessoas, mesmo quando outras necessidades básicas estão ameaçadas pelas políticas de austeridade.

O Manifesto em Defesa da Cultura defende e justifica o reforço do investimento público na cultura como única forma de salvaguardar a diversidade da oferta e a todos os cidadãos a possibilidade de a ela acederem, independentemente da sua condição económica, localização geográfica ou outra. Denuncia a situação de catástrofe, social, cultural e civilizacional que a política de austeridade que sucessivos Governos PSD, CDS e PS – e agora com a Troika – vêm provocando. Exige o cumprimento da Constituição da República, quanto ao seu Artigo 78º, no que toca às garantias pelo Estado de um serviço público de cultura e do livre acesso à criação e fruição culturais. Estabelece um objectivo, ao mesmo tempo, aparentemente, irrisório e ambicioso: 1% do Orçamento Geral do Estado (OGE) para a Cultura.

Irrisório porque 1% é 1%. Um por cento do OGE significa 1% do peso destas actividades no conjunto da acção do Estado, no conjunto do investimento que é feito em nome de todos para o interesse colectivo, no conjunto das preocupações e da intervenção de quem governa o país.
Objectivo ambicioso, por outro lado, porque não podemos deixar de olhar para o que temos e para o que tem acontecido. Os sucessivos cortes no orçamento destinado à cultura têm reduzido de forma sistemática o peso da cultura no conjunto do investimento público. Ele representa hoje pouco mais do que 0,1% do OGE. Dez vezes menos, portanto, do que a “irrisória” meta que se reivindica (e que é internacionalmente recomendada como mínimo razoável, por exemplo, na Agenda 21 da Cultura, apresentada em Barcelona em 2004). Ambicioso, ainda, porque é enunciado num momento em que todas as áreas de investimento público sofrem uma pesada retracção e em que o discurso dominante procura impor “prioridades” e “prevalências” entre os diferentes direitos sociais, como se tivesse sido a garantia destes direitos a causar a crise em que estamos.

A isso respondeu, de forma muito significativa, a população de Coimbra. Recusou a demagogia e a chantagem e disse que não aceita esta aniquilação da cultura, no país e na cidade. Mostrou que sabe o que tem a perder e que não quer deixar de usufruir do trabalho dos seus artistas. Que corresponderam, demonstrando a sua consciência da dimensão social do seu trabalho, entregando-se generosamente a esta reivindicação, simultaneamente defendendo a sua dignidade profissional e a dimensão humana, colectiva e emancipatória da sua actividade.

Soube-se a 16 de Outubro que a proposta de Orçamento do Estado para 2013 prevê a manutenção do 0,1% para a Cultura e que o ex-responsável pela tutela, Francisco José Viegas, achava esse valor “adequado”. Se entretanto mudou o Secretário de Estado, mantém-se inalterado o Orçamento.
É altura dos eleitos com responsabilidade na matéria se pronunciarem. Os membros do executivo autárquico e Assembleia Municipal, que certamente aceitarão que o recente reconhecimento nacional da qualidade da programação cultural de Coimbra é também devedora da vitalidade até agora demonstrada pelos agentes culturais da cidade e que viram a sua cidade contestar na rua o subfinanciamento da cultura, também consideram “adequada” a situação? Os deputados eleitos por Coimbra, que vão discutir e votar o Orçamento de Estado sabendo que há no seu distrito várias estruturas profissionais à beira de desaparecerem, teatros a encerrar, museus em serviços mínimos – situação que a população de Coimbra mostrou recusar veementemente – também julgam que este orçamento é “adequado”?

O Núcleo de Coimbra do Manifesto em Defesa da Cultura
25 de Outubro de 2012

Voltar a Bagdad

Domingo, Outubro 28th, 2012

Miguel Magalhães e Maria João Robalo, "Nunca estive em Bagdad" (ensaio, foto de Eduardo Pinto)

Estreou esta semana em Coimbra a peça “Nunca estive em Bagdad”, um texto de Abel Neves, levado à cena pel’A Escola da Noite.

Lembrei-me a esse propósito que, em Fevereiro de 2010, escrevi sobre Cultura a partir deste magnífico texto, que na altura estreava em Bruxelas. Fui relembrar o que tinha escrito e é surpreendente, ou talvez não, o que se passou em dois anos e meio.

Na altura referi: “A peça conta-nos a conversa de um casal que em frente à televisão assiste às notícias da guerra do Iraque. Essas notícias acabam por confundir-se, inevitavelmente, com as suas vidas. Já foram várias as vezes que Abel Neves nos visitou em Coimbra através das suas peças, que contam vidas, concentram memórias. Veio-me, por isso, à memória as lutas que nos últimos anos se têm travado em Coimbra pelo direito à cultura. É inevitável que, num contexto de crise económica e social profunda, nos digam que o exercício dos direitos acabe por ficar refém das necessidades imediatas. Em todos, sem excepção, se tem arrepiado caminho. Cada passo atrás representa um recuo de muitas e morosas conquistas. É por tudo isto que nunca é demais relembrar a importância da cultura e recuperar as causas que tanto nos fizeram mover nos últimos anos”. Pois, assim é. Passado este tempo, intensificaram-se as lutas. O movimento por 1% para a Cultura foi criado, realizou várias iniciativas. O resultado até agora? Mais cortes. Em vez de 1%, o governo “presenteou” a Cultura com 0,1%. Sim, não é gralha, 0,1%.

Escrevi ainda: “Os poderes públicos demitiram-se (…) e tornaram-se elemento dificultador da criação artística, ao invés de a assumir como uma das suas principais mais-valias. (…) O exercício da cidadania fica, por isso, cada vez mais limitado. (…) Falta dignidade. A dignidade que todos e cada um de nós merece. Amesquinhar a cultura é amesquinhar-nos a todos. Falta o pão e falta o resto. Há sempre razões e essas são normalmente as da guerra. Neste caso, as da guerra dos direitos. Há que tratar de uns primeiro, os outros vêm depois. O problema é que, como bem ilustra o casal criado por Abel Neves, essa separação é irreal e fictícia. As vidas e os direitos privados estarão sempre reféns das conquistas ou das derrotas públicas”. Quanto a esta parte, não retiro uma palavra. Continua a ser, infelizmente, esta concepção de vistas curtas que vigora, só que agora em versão hardcore. Baixamos os braços? Não, há que erguê-los!

Marisa Matias
Eurodeputada do BE
(artigo publicado no jornal “As Beiras” de 27 de outubro de 2012 e reproduzido no portal esquerda.net)

13 de Outubro

Sábado, Outubro 13th, 2012

Em várias cidades do país reforça-se hoje, com actividades culturais, o protesto contra as políticas de austeridade.

Em Coimbra, o ponto de encontro é na Praça do Comércio, às 17h00.

documentário no bar do TCSB

Sexta-feira, Outubro 12th, 2012

No próximo domingo, dia 14 de Outubro, a Assembleia Popular de Coimbra volta ao bar do TCSB, promovendo a exibição do documentário “Tachos, panelas e outras soluções”, de Miguel Marques.

Centrado nas formas de participação popular da Islândia, o filme promete dar a “conhecer a Islândia de que não se fala nos media”.

A sessão, com entrada livre, tem início às 15h00 e conta com a presença do realizador.

reunião do movimento em defesa da cultura

Quinta-feira, Outubro 11th, 2012

Dia em defesa da cultura em Coimbra (29 Set.) - concerto no Pátio da Inquisição (foto: Pedro Rodrigues)

Na próxima terça-feira, dia 16 de Outubro, há reunião do Núcleo de Coimbra do Manifesto em Defesa da Cultura. Tem lugar na Tabacaria da Oficina Municipal do Teatro, pelas 21h30.

Servirá para fazer o balanço das actividades do dia 29 e para pensar e planear novas actividades.

Como sempre, a reunião é aberta a todos/as quantos/as queiram aparecer.

São todos/as bem-vindos/as!