Archive for the ‘política cultural’ Category

greve

Quinta-feira, Novembro 24th, 2011

Os/as trabalhadores/as d’A Escola da Noite aderiram à greve geral convocada para esta quarta-feira, 24 de Novembro.

Em consequência o Teatro da Cerca de São Bernardo está encerrado ao público durante todo o dia.

“ajustamentos”

Quarta-feira, Novembro 23rd, 2011

Depois dos trabalhadores, é aos espectadores que devemos esta informação. Afinal, são vocês os principais prejudicados.
A Escola da Noite vai sofrer um corte de 38% no financiamento da DGArtes à sua actividade em 2012. Somado ao corte que já havíamos sofrido em 2011, ele significa que, de 2010 para 2012, o investimento do Estado (essencial para a sobrevivência da companhia e justificado pelo interesse público do nosso trabalho) diminuiu 61% – de 315 para 124 mil Euros/ano.
Enquanto digerimos a informação, partilhamos convosco o e-mail através do qual a DGArtes comunicou às estruturas profissionais de criação artística que não vai cumprir os contratos que assinou com elas. “Ajustamentos”, dizem-nos:

Exmos. Senhores,
Conforme havia sido comunicado, remetemos a V. Exas. um conjunto de informações fundamentais relativas à apresentação do Plano de Atividades e Orçamento para o ano de 2012.
Como é regra transversal a toda a Administração Pública, existe a necessidade de se proceder a ajustamentos nas despesas e nos investimentos estatais, os quais incluem o Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), através do qual a Direção-Geral das Artes efetiva os Apoios Diretos e Indiretos às Artes, nas diversas modalidades.
Assim, vimos informar que, segundo as orientações constantes na proposta de Lei de Orçamento de Estado para 2012, as restrições nas transferências desse Programa são significativas e, por conseguinte, é reduzido o montante do qual a DGArtes dispõe para fazer face aos compromissos assumidos em 2011 com os agentes culturais portugueses, bem como para pôr em prática os procedimentos concursais que, expectavelmente, abririam em 2012.
No que concerne aos compromissos plurianuais, em particular, a DGArtes quer assegurar o apoio, em 2012, às entidades beneficiárias de apoio bienal e quadrienal que, ponderando a sua missão e objetivos, de forma a salvaguardar as características que presidiram à atribuição do apoio, apresentem uma proposta anual viável e consistente como contrapartida do financiamento.
A DGArtes terá de proceder a um ajustamento no montante afeto aos 65 contratos bienais e aos 77 contratos quadrienais, em todas as áreas artísticas. Para esse efeito, iremos empreender, nos próximos dois meses, uma análise individual de cada processo e respetiva outorga de Adenda ao Contrato, com a expectativa de assegurar que no início do ano estejam reunidas as condições para que as entidades beneficiárias possam implementar o Plano acordado com liquidez financeira.
Deste modo, solicitamos que, até ao próximo dia até 15 de dezembro, nos seja enviado o Plano de Atividades e o respetivo Orçamento, ajustados ao contexto atual, considerando como valor máximo de comparticipação da DGArtes o montante de 124.051,66€, que corresponde a 62% do valor contratualizado em 2011 para a atividade de 2012.
(…)
Reconhecendo o desafio que a atual conjuntura coloca a todos, e em especial, aos agentes culturais para manterem uma planificação de trabalho à altura das suas capacidades, a DGArtes não pode deixar de expressar a sua disponibilidade e empenho absolutos para, com a comunidade artística nacional, nossa interlocutora direta na prossecução do serviço público, continuar a encontrar soluções de médio e longo prazo para a dinamização, consolidação e desenvolvimento sustentado das atividades culturais.

 

Declaração dos Promotores do protesto “Artistas e Públicos Indignados”

Sexta-feira, Setembro 16th, 2011

 

“A nossa capacidade de indignação pode e deve levar-nos a ações construtivas, motivadas pela recusa da passividade e da indiferença. (…) Saber dizer sim. Agir. Combater. Participar na insurreição pacífica o que nos permite dar resposta a um mundo que não nos agrada. Numa palavra: empenhar-nos!” afirma o filósofo Stéphane Hessel.

Artistas e Públicos Indignados é uma “revolta! de gente da “cultura” perante uma conjuntura que representa um retrocesso civilizacional em termos de direitos de cidadania, uma “revolta” que é intérprete não só de um sentimento colectivo de desalento, ainda difuso, e que deseja encontrar uma linguagem certa para o denunciar.

Esta iniciativa de protesto dos sectores das Artes e da Cultura pretende promover a unidade de todas as diferenças sem as anular, não querendo ser patamar de divisão ou de sectarismo sectorial; deseja, isso sim, dar visibilidade a um movimento geral de indignação de artistas, criadores e demais trabalhador@s face ao actual estado de degradação, desinvestimento e desertificação do sector das Artes e da Cultura. Pretende, também, dar voz aos Públicos, que a ela têm direito, para que possam ser espectadores emancipados.

Este é um protesto que emerge, organicamente, da força conjunta de um país a requerer mais e melhor democracia, mais qualidade de vida e que luta também pela requalificação das condições de criação e pelo direito aos seus tempos de fruição e de reflexão.

A Arte e a Cultura são os elementos vitais para a construção de um mundo melhor, tecido de diálogos entre visões e entendimentos diferentes do mundo.

Queremos que a Arte e a Cultura nos ajudem a fazer um país melhor, um país que questione, critique e altere um modelo de sociedade que claramente falhou.

Artistas e Públicos Indignados fazem ouvir a sua voz no dia 17 de Setembro, pelas 17h na Praça do Rossio, e em qualquer lugar do país, e decidem habitar criativamente a rua com a sua arte e cultura.

 

Programa do evento:

(prevê-se a sua realização simultânea em várias cidades do país):

17h concentração de artistas e públicos indignados na Praça do Rossio, Lisboa

19h reunião-debate aberta a tod@s participantes

 

Promotores:

Dolores de Matos, programadora, encenadora e actriz

Eugénia Vasques, Prof. Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, crítica teatral

Joaquim Paulo Nogueira, dramaturgo e investigador

Leonor Areal, cineasta

Margarida Paredes, escritora, antropóloga

Mário Nuno Neves, autarca e publico muito indignado

Paulo Raposo, Prof. Instituto Universitário de Lisboa/ISCTE, antropólogo

Patricia Freire, programadora cultural

Rui Rebelo, músico

Sara Gonçalves, actriz, encenadora

 

Contacto e subscrição: artistasepublicosindignados@gmail.com

Evento Facebook: https://www.facebook.com/event.php?eid=272937089398976

 

O corte de 10% nos contratos do Ministério da Cultura

Segunda-feira, Junho 28th, 2010

PLATAFORMA DAS COMPANHIAS

A Escola da Noite (Coimbra) . ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve . CENDREV – Centro Dramático de Évora . Companhia de Teatro de Braga . Teatro das Beiras . Teatro do Montemuro

O corte de 10% nos contratos do Ministério da Cultura


O Governo decidiu cortar em 10%, para o ano de 2010, todos os financiamentos à criação artística que resultam dos contratos assinados entre o Ministério da Cultura e os agentes culturais.

Trata-se, nas palavras da própria Ministra, que o aceita e justifica, de um “corte cego”, indiferente à altura do ano em que é anunciado, ao grau de execução das actividades a que os criadores se haviam comprometido com o Governo, e às diferentes realidades – estruturais, organizativas, em matéria de responsabilidades e encargos assumidos – que o Ministério da Cultura teria obrigação de conhecer e de distinguir entre aquilo que designa por “artistas independentes”. A notícia deste corte veio encontrar reunidas em Coimbra, no Festival que anualmente organizam, as seis companhias de teatro profissional que integram a Plataforma das Companhias, uma estrutura informal de intercâmbio, debate e reflexão.

No seu conjunto, estas seis companhias empregam nos seus quadros, em permanência, mais de uma centena de pessoas – têm, em média, 17 colaboradores permanentes. Todas são financiadas pelo Ministério da Cultura, ao abrigo de contratos pluri-anuais que resultam de candidaturas aprovadas por júris nomeados pela Direcção-Geral das Artes, com valores que variam entre os 200 e os 320 mil Euros/ano. Este corte significará uma perda entre os 20 e os 32 mil Euros nas receitas previstas até ao final do ano, que inevitavelmente se reflectirá em perda de postos de trabalho, em cancelamento de produções e em paralisação da actividade. Falamos de estruturas profissionais organizadas, com custos permanentes e responsabilidade social: salários, segurança social, contratos com fornecedores já celebrados, etc.

Perante tão sérias consequências e após rasgar os contratos que connosco assinara, a Ministra pede-nos, num e-mail enviado no passado sábado, “solidariedade” com o “esforço nacional”. Reconhece as “dificuldades endémicas associadas a esta área”, “lamenta” a situação e manifesta-nos a sua própria “solidariedade”.

No âmbito da Plataforma das Companhias e noutros foruns de discussão, estas seis companhias vêm desde há muito chamando a atenção dos sucessivos Governos, Ministros da Cultura e Directores-Gerais para as tais “dificuldades endémicas” do sector. A primeira das quais – a falta de financiamento público – foi aliás reconhecida pelo Primeiro- Ministro José Sócrates. Em campanha eleitoral, é certo. Em campanha eleitoral, ainda por cima – naquela altura em que é suposto os governantes assumirem compromissos com os eleitores e clarificarem o que se propõem fazer.

Em vários documentos publicados e enviados aos titulares de cargos com responsabilidades na definição e na concretização de políticas culturais, temos apresentado propostas concretas para a definição de uma estratégia nacional neste domínio, capaz de dotar o sector de uma sustentabilidade mínima, que lhe permitisse funcionar devidamente em alturas normais e sobreviver a uma situação de crise, como a que actualmente atravessamos. Propostas que visavam a racionalidade na distribuição dos dinheiros públicos, a consolidação das estruturas de criação existentes, a criação de condições para uma circulação regular dos espectáculos financiados pelo Estado, a existência de apoios mínimos para a internacionalização, a regulamentação do estatuto profissional dos artistas, um real incentivo ao mecenato cultural, a complementaridade entre o investimento público nacional e os fundos comunitários, a definição de um quadro que regulasse a articulação entre Estado Central e autarquias, entre outros.

Todos estes contributos foram sendo ignorados e continuamos até hoje com a mais perversa das formas de política cultural: a que promove uma espécie de assistencialismo aos tais “artistas independentes” com os quais a Ministra agora se solidariza. Uma “política cultural” que convive de forma acrítica, resignada e cúmplice com o mais feroz ataque feito pelo Estado à criação artística nacional nas últimas décadas.

Nas “explicações” que procura dar aos agentes culturais, a Ministra deixa claro a forma como pensa o sector: um conjunto de projectos avulsos, que se fazem ou não se fazem consoante haja dinheiro, ou que podem dimensionar-se e redimensionar-se, de um momento para o outro, ao sabor da disponibilidade orçamental que o Governo decide ter. É a permanência desta maneira de encarar a criação artística, que o Ministério da Cultura tem estimulado em vez de contrariar, que permite a um Ministro das Finanças tomar decisões tão danosas e arbitrárias como esta.

Recusamo-nos a aceitar a desculpa da crise. Todos sabemos que as verbas que agora nos pretendem retirar – aquelas de que depende a nossa sobrevivência – são, no conjunto do défice, verbas irrisórias que nada resolvem. Além disso, ao longo dos últimos anos, o orçamento dedicado à cultura vem sofrendo sucessivos cortes, ao arrepio dos discursos e dos anúncios oficiais e dos programas eleitorais e de governo apresentados pelos responsáveis políticos. As referências às “medidas similares” na “maioria dos outros países da Europa dos 27”, com as quais a Ministra tenta atenuar o impacto deste corte, são por isso deslocadas: esquecem que o investimento feito em anos anteriores e a solidez do sector (incluindo a protecção social aos trabalhadores afectados pela crise) são radicalmente diferentes. Não podemos pretender ser europeus nos cortes quando não o somos nos orçamentos.

Assumimos naturalmente as nossas responsabilidades e desejamos contribuir para o combate à crise. Sabemos, até, que temos um papel importante a desempenhar, enquanto criadores, na construção de uma sociedade mais culta, mais esclarecida, mais cosmopolita, mais solidária, mais justa, mais humana. Mas recusamo-nos, por isso mesmo, a servir de pretexto para oportunismos cínicos ou de areia atirada para os olhos da opinião pública por responsáveis políticos que parecem mais interessados em assegurar o seu próprio lugar do que em cumprir as funções para as quais foram nomeados.

As companhias de teatro profissional financiadas pelo Estado ao abrigo de contratos pluri-anuais, entre as quais se encontram estas seis estruturas, representam a esmagadora maioria do teatro que é feito em Portugal. É através delas que o Estado assegura, em complemento ao trabalho feito pelos dois Teatros Nacionais, a prestação do serviço público de criação teatral. Colocar em risco a sua sobrevivência e condená-las a um sufoco ainda maior do que aquele em que já vivem é ameaçar todo o sistema teatral português. Fazê-lo desta forma, quebrando compromissos assumidos em contratos (na base dos quais elas assumiram encargos e responsabilidades com pessoas e entidades terceiras) é mais do que uma irresponsabilidade. É a demonstração evidente de que a actividade de criação artística é, para este Governo, algo que o país pode dispensar.

Não aceitamos esta “inevitabilidade”. E expressamos, apesar do contexto adverso em que o Governo insiste em colocar-nos, a nossa disponibilidade para debater com o Ministério as nossas propostas, tanto no que diz respeito à estruturação do tecido teatral e do sistema de financiamento da criação artística, como na procura de outras soluções para lidar com a crise que não sejam estes cortes “cegos”.

Coimbra, 28 de Junho de 2010.

A Escola da Noite (Coimbra)
ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve
CENDREV – Centro Dramático de Évora
Companhia de Teatro de Braga
Teatro das Beiras (Covilhã)
Teatro do Montemuro (Campo Benfeito, Castro Daire)

Criação artística em Portugal: contributos para uma nova política

Sexta-feira, Julho 24th, 2009

 

1

Entre 2001 e 2009, o orçamento do Ministério da Cultura baixou de 300 para 213 milhões de Euros. O peso do orçamento do Ministério no Orçamento Geral do Estado passou de 0,7 para 0,3%.

Ao fazer recentemente o balanço da actuação do seu executivo, o Primeiro-Ministro reconheceu, como em relação a nenhuma outra área, que o investimento público na Cultura ficou aquém do que seria desejável. Posteriormente, afirmou constituir a Cultura uma “prioridade” sua na próxima legislatura.

Relativamente a esta matéria, espera-se que todos os partidos exprimam com clareza a sua posição e, obviamente, antes das eleições. Importa saber que políticas propõem para o sector os candidatos ao Governo.

 

2

Em Outubro de 2008, as companhias de teatro profissional subscritoras do presente documento discutiram o modelo de financiamento público à criação artística em Portugal actualmente em vigor. Exprimiram então a sua preocupação com a sub-orçamentação do Ministério, e também com:

– a profusão de sucessivas alterações legislativas, que aí atingiu um pico surrealista: o mesmo governo alterou um modelo que ele próprio tinha criado, antes mesmo de este entrar em vigor;

– os efeitos devastadores que tal instabilidade provoca na vida e no trabalho das estruturas de criação artística que a ela estão sujeitas;

– a falta de discussão pública desta última alteração, que ocorreu em sentido inverso aos resultados da discussão havida apenas dois anos antes;

– a ambiguidade na definição do que é o serviço público nesta área;

– o agravamento das assimetrias regionais;

– o desconhecimento ou a desconsideração em relação aos custos da criação artística teatral;

– a subjugação das companhias à lógica de projecto pontual, ignorando o seu papel estrutural no sistema teatral do país e impedindo-as, na prática, de potenciar devidamente o seu trabalho;

– a incoerência legislativa quanto aos direitos dos trabalhadores do sector;

– a ausência de uma intervenção sustentada em matéria de internacionalização;

– a predominância dos factores quantitativos em detrimento dos aspectos qualitativos;

– a confusão entre número de espectadores e qualidade do trabalho artístico;

– as insuficiências reiteradas da formação artística no país;

 

Ignoradas (ou distorcidas) na altura, estas preocupações transformaram-se em certezas quanto à incapacidade do actual Governo para pensar e concretizar uma política cultural para o país.

Mesmo depois do reconhecimento – ou contrição – do próprio Primeiro-Ministro, não deixa de causar espanto que o Ministro da Cultura (que prometera “fazer mais com menos”) e as chefias intermédias por si tuteladas tenham vindo a público reiterar a defesa do seu entendimento e da sua actuação, procurando justificar o injustificável, manipulando dados, tentando dividir os agentes no terreno e procurando disfarçar a sua incompetência com acções supostamente mediáticas – beneficiando, é certo, da costumeira falta de espaço para a discussão séria de matéria cultural, tanto na comunicação social como no debate inter e intra-partidário.

 

3

Solidárias com o reconhecimento expresso pelo Primeiro-Ministro – que gostariam de ler como uma verdadeira intenção de alterar a forma de fazer política cultural em Portugal –, estas companhias de teatro vêm uma vez mais dar o seu contributo para a discussão, numa altura em que é imperioso assumir-se claramente compromissos com o país, de forma séria e vinculativa.

Não representam estas companhias mais ninguém além de si próprias. Reconhecem que o sector não tem estruturas representativas e que a tarefa dos governantes é, portanto, um pouco mais trabalhosa: exige idas ao terreno, auscultações, “trabalho de casa”; exige rigor e seriedade no diagnóstico dos problemas; exige frontalidade na apresentação de propostas e responsabilidade na acção – em democracia, os programas eleitorais e de governo são compromissos para cumprir e a sua violação uma falha grave, que exige (como é do senso comum), para além de desculpas, a sua imediata reparação.

É neste contexto que as seis companhias profissionais abaixo assinadas vêm renovar as suas propostas para o desenvolvimento sustentado do Teatro no nosso país, elemento fundamental de uma ambição mais vasta – a afirmação da criação artística nacional, dentro e fora do país, como um sector fundamental da intervenção do Estado, no âmbito de um projecto de sociedade mais justo e mais democrático.

Sediadas em algumas das cidades médias mais importantes do país – Braga, Coimbra, Évora, Faro e Covilhã –, todas elas com pólos universitários da maior relevância e com o que tal abrangência geográfica significa em termos de públicos directamente beneficiados com o seu trabalho, bem como em espaços culturais conquistados para o país e de potencialidades para uma efectiva e equilibrada descentralização da criação artística pelo território nacional, estas companhias propõem:

– o cumprimento imediato da meta do 1% do OGE afecto ao Ministério da Cultura;

– a revisão do actual modelo de financiamento público à criação artística, através de um processo em que as preocupações manifestadas pelos agentes que trabalham no terreno sejam efectivamente tidas em conta;

– a separação dos apoios à criação dos apoios à programação de salas de espectáculo, em nome da transparência e da eficácia do investimento público;

– a valorização de critérios qualitativos na avaliação dos projectos a apoiar, por oposição à lógica quantitativa dominante, supostamente neutral e mais objectiva, que tem presidido à relação do Estado com os agentes culturais e que foi radicalizada no modelo actualmente em vigor;

– a substituição do modelo generalizado dos “concursos” por um modelo misto: contratos-programa com as companhias e os agentes com provas dadas (limitados no tempo e sujeitos a competente avaliação regular por parte do Estado) e apoios específicos para novos criadores, que assim devem ver reforçados os apoios ao seu dispor;

– a implementação de objectivos específicos (e mensuráveis) a cada caso, na contratualização com cada uma das estruturas;

– o estabelecimento de protocolos estáveis e equilibrados com as autarquias das principais cidades do país tendo em vista a valorização das estruturas de criação aí sediadas e a maximização das potencialidades dos novos equipamentos culturais aí instalados;

– o reforço da exigência quanto à qualidade dos equipamentos apoiados pelo Estado, tanto no que diz respeito às infraestruturas como quanto aos seus modelos de funcionamento e programação, aplicando-a em todos os programas de suporte financeiro – da comparticipação das obras aos projectos de incentivo à circulação de espectáculos;

– a definição de prioridades estratégicas na afectação do investimento público, tendo em conta uma estruturação do território nacional que se articule com as outras dimensões do desenvolvimento do país, nomeadamente com uma política de cidades que promova um efectivo e realista combate à desertificação do interior do país;

– uma política de apoios à internacionalização, que seja não dirigista, capaz de reconhecer as relações estabelecidas e o trabalho desenvolvido pelas companhias existentes, potenciando relações de intercâmbio já amadurecidas, as quais têm sido ignoradas;

– o envolvimento dos criadores nacionais no incremento da formação artística e da sensibilização para as artes nos diferentes graus de ensino, desde o pré-escolar ao superior;

– a disponibilização dos meios públicos de comunicação social para a divulgação regular das iniciativas promovidas pelas companhias e pelos criadores individuais financiados pelo Estado, gratuitamente ou a preços simbólicos;

 

Coimbra, 24 de Julho de 2009.

 

A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra

ACTA – Companhia de Teatro do Algarve

Centro Dramático de Évora

Companhia de Teatro de Braga

Teatro das Beiras

Teatro de Montemuro