“A mulher como campo de batalha”: A Escola da Noite prepara nova peça de Matéi Visniec

Depois da bem sucedida temporada de “Palhaço velho, precisa-se”, de Matéi Visniec, A Escola da Noite entra agora na fase final dos ensaios de uma outra peça do mesmo autor.
“A mulher como campo de batalha”, com encenação de Sofia Lobo, estreia a 29 de Outubro no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.

Matéi Visniec (foto: Andra Badulesco)

“A mulher como campo de batalha”, de Matéi Visniec, 70.ª criação d’A Escola da Noite, entra esta semana na fase final dos ensaios, tendo a sua estreia prevista para 29 de Outubro.
Com o título alternativo, proposto pelo próprio autor, de “Do sexo da mulher como campo de batalha na guerra da Bósnia”, a peça foi escrita em 1996 e constitui um pujante retrato da guerra e da forma particular como as mulheres são vítimas directas e indirectas da barbárie, nesta e em outras guerras.
Dorra (Ana Teresa Santos), vítima de violação durante a guerra da Bósnia, conhece Kate (Paula Garcia), psicanalista norte-americana, já fora do território em que as atrocidades foram cometidas. A relação que se estabelece entre as duas personagens e as memórias de cada uma convocam-nos para uma reflexão sobre os nacionalismos, a xenofobia, a violência extrema e “os clichês, os lugares-comuns e as maldades” que demasiadas vezes marcam a relação dos indivíduos com “o outro”.
Após a estreia, o espectáculo cumprirá uma temporada de quatro semanas, até 6 de Dezembro, intercalada com espectáculos de outros artistas que A Escola da Noite acolhe no TCSB.

Matéi Visniec e a “atitude engajada”
“A mulher como campo de batalha” encerra o ciclo de duas peças de Matéi Visniec que A Escola da da Noite iniciou com “Palhaço velho, precisa-se”, dirigida por António Augusto Barros, cuja temporada decorreu entre 10 de Setembro e 4 de Outubro, assinalando o regresso do TCSB à sua actividade regular.
Depois de Gil Vicente, Abel Neves e Tchékhov, e a par de Lorca, Beckett ou Javier Tomeo, o dramaturgo romeno, nascido em 1956, torna-se assim num dos autores mais representados pela companhia, seis anos após a estreia de “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”, também com encenação de António Augusto Barros.
A escolha dos textos e dos autores a trabalhar é um elemento essencial na construção de uma linguagem artística. A Escola da Noite gosta de aprofundar a exploração dos reportórios dos autores que selecciona e de convidar o público a fazer com a companhia essas descobertas e as reflexões que elas suscitam.
Embora não tenham sido seleccionadas por isso, e com aproximadamente 10 anos de intervalo entre os momentos em que foram escritas, as três peças de Visniec que até ao momento o grupo decidiu apresentar evidenciam a diversidade da obra do autor – quanto aos temas, quanto à forma, até quanto à “dimensão” (duração, número de intérpretes, propostas de espaços cénicos, por exemplo).
Em toda a obra de Visniec, contudo, é possível encontrar reflexos do que o próprio chama uma “atitude engajada”, isto é, uma necessidade de falar, através do Teatro e dos seus códigos, dos mundos em que vivemos. Sem respostas fáceis, sem fugir às perplexidades e contradições da vida concreta, assumindo a inquietação que faz de nós humanos. Mantendo e alimentando um olhar crítico e uma atitude combativa perante os absurdos, as injustiças, as manipulações, os estereótipos, os estigmas – na ditadura de Ceausescu e no “Ocidente”, onde se exilou em 1986, precisamente enquanto escrevia “Palhaço velho, precisa-se”.

Coimbra
Teatro da Cerca de São Bernardo

TEATRO
A mulher como campo de batalha
de Matéi Visniec
A Escola da Noite

tradução Ana Teresa Santos e Sofia Lobo
encenação e espaço cénico Sofia Lobo
interpretação Ana Teresa Santos e Paula Garcia
figurinos e adereços Ana Rosa Assunção desenho de luz Danilo Pinto
sonoplastia Zé Diogo fotografia e vídeo Eduardo Pinto

29 de Outubro a 1 de Novembro de 2020
12 a 15 e 26 a 29 de Novembro de 2020
3 a 6 de Dezembro de 2020
quintas, 19h00; sextas e sábados, 21h30; domingos, 16h00
M/14

informações e reservas
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Covid-19 – Plano de Prevenção e Contingência do TCSB
De acordo com a Orientação da DGS 28/2020, de 28 de Maio, e o Plano de prevenção e contingência do TCSB, a lotação e a ocupação da sala estão condicionadas: os lugares são marcados e é respeitada a distância de uma cadeira entre cada lugar ocupado. É obrigatória a utilização de máscara no interior do Teatro e o cumprimento das demais condições de segurança indicadas à entrada do edifício.

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