O monólogo é coisa pública na Semana Cultural da Universidade
António Pinho Vargas, Custódia Gallego, Cándido Pazó, Ana Bustorff e Denise Stoklos são os artistas convidados pela Reitoria da Universidade de Coimbra e pel’A Escola da Noite no âmbito do ciclo “do monólogo, coisa pública”, integrado no programa da XII edição da Semana Cultural da Universidade, que vai decorrer entre 1 e 6 de Março.
O programa completo da iniciativa foi apresentado esta manhã em Coimbra, numa conferência de imprensa em que intervieram o Reitor da Universidade, Seabra Santos, o Pró-Reitor para a Cultura, José António Bandeirinha, e o director artístico d’A Escola da Noite, António Augusto Barros.
Convidada para conceber e produzir a parte externa à Universidade da programação da Semana Cultural (que, na sua globalidade, inclui mais de 70 iniciativas promovidas pela própria comunidade académica), A Escola da Noite propôs o ciclo “do monólogo, coisa pública”.
António Augusto Barros salienta a tríade em que propositadamente assenta esta proposta: criação, formação e reflexão. Partindo do tema definido para a Semana Cultural – “Causa pública: o público e o mediático”, A Escola da Noite construiu um programa assente no monólogo, enquanto género teatral que conquistou a sua autonomia na escrita dramática contemporânea. “Um homem ou uma mulher em cena podem ser um mundo em si próprios, acompanhando a pluralização do eu que o século passado promoveu como nenhum outro, falam com as suas vozes, os seus outros eus; e falam com o mundo, são ícones do mundo, resistindo à incomunicação que medra nas cidades”, escreve António Augusto Barros. Daí a idéia do monólogo como “coisa pública”, como forma particular da abordagem das artes cénicas ao contexto em que vivemos. “Estamos todos a falar sozinhos, nas ruas, nos asilos, nas prisões, nos hospitais. Como poderia o teatro, talvez a mais política das artes, a mais atenta e dependente da polis, resistir a falar de tudo isto?”, pergunta António Augusto Barros.
O ciclo inclui seis espectáculos, que preencherão as noites, de segunda a sábado, da Semana Cultural: “Solo I e II”, concerto de António Pinho Vargas que assinala o regresso do compositor a Coimbra, onde há vários anos não se apresentava; “Vulcão”, a peça que Abel Neves escreveu para a actriz Custódia Gallego, numa co-produção entre o Teatro Nacional D. Maria II e o Teatro do Bolhão; “Historias Tricolores: ou de como aqueles animaliños proclamaron a República”, uma viagem pela história recente de Espanha através das memórias dos personagens incarnados por Cándido Pazó; “Concerto à la Carte”, um exigentíssimo trabalho da actriz Ana Bustorff perante o texto (uma longa didascália) do dramaturgo alemão Franz Xaver Kroetz; e por fim, Denise Stoklos. O público de Coimbra terá finalmente oportunidade de assistir ao vivo ao trabalho de uma das mais consagradas actrizes brasileiras, com uma impressionante e premiada carreira internacional. No âmbito da Semana Cultural, apresentará em Coimbra dois espectáculos: “Mary Stuart”, que mantém em reportório há vários anos e é considerado como um dos seus trabalhos mais emblemáticos, e “Calendário da Pedra”, mais recente, que tem sido apresentado nas principais salas brasileiras e internacionais.
Para além dos espectáculos, o ciclo inclui ainda o workshop “A oralidade no actor”, dirigido por Cándido Pazó (co-organizado com o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra) e um conjunto de dois debates, que reunirão especialistas em artes cénicas e os artistas presentes na semana, numa iniciativa conjunta da Reitoria e do Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras, proposta pel’A Escola da Noite.
Os espectáculos repartem-se pelo Teatro Académico de Gil Vicente e pelo Teatro da Cerca de São Bernardo e têm lugar, entre 1 e 6 de Março, sempre às 21h30. Os bilhetes podem ser reservados ou adquiridos com antecedência nas próprias salas, já a partir da próxima semana.
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