— E vós, senhora? Viestes com a “espanhola”?
— Vim. Eu também sou, como vós dizeis, “espanhola”. (Cumprimento-o.) Inês de Castro, grande dama e parenta da minha senhora, Constança de Peñafiel, vossa futura esposa.
Ele olha para o chão. Desviou o olhar.
— Peço perdão, senhora de Castro, mas eu não gosto da Espanha.
Diz isto com tanta simplicidade como se falasse de aipo, e tão calmamente como se falasse da infância, que eu sorrio involuntariamente. Levanta os olhos.
— Perdoais-me? — ah, está completamente pálido, este infante, Pedro I, futuro rei de Portugal; sente-se mal, simplesmente, e não tem dezanove anos, mas cinco, é uma criança, não sabe onde está a sua ama.
Amo-o.
(tradução: António Pescada)
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