A sessão de estreia de Trilogia de Alice, hoje, 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, encontra-se com a lotação esgotada. O espectáculo mantém-se em cena ao longo de toda a semana, de segunda a domingo, sem interrupções. “Trilogia de Alice” é uma peça do irlandês Tom Murphy, com encenação de Nuno Carinhas e interpretação de Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash e Rita Brütt.
Trilogia de Alice, escrita em 2005, era até agora uma peça inédita em Portugal. A acção situa-se na Irlanda, entre os anos 80 do século XX e a primeira década do século XXI e oferece uma viagem por três momentos da vida de uma mesma mulher – Alice, uma doméstica casada com um banqueiro de sucesso, mãe de três filhos – ao longo deste período de quase três décadas. A personagem, interpretada pela actriz Rita Brütt, é-nos apresentada através das suas experiências e descobertas, dos seus anseios, dos seus “gestos falhados e (des)ilusões”, narrados pela própria como se de um diálogo interior se tratasse e através de breves relatos de vidas que se cruzam com a sua.
Mulheres que combatem a dificuldade de existirem
Trata-se de uma mulher confrontada com o “desconforto da existência”, num país e numa época em que os direitos das mulheres (incluindo o direito a ter uma vida profissional autónoma e a compatibilizá-la com a vida familiar) eram ainda objecto de controvérsia e motivaram importantes movimentos de protesto e reivindicação. Nos três momentos da vida de Alice (cujo nome não é escolhido ao acaso), os planos do real e da imaginação cruzam-se sobre fronteiras que nem sempre são claras, reforçando o carácter profundamente humano da personagem e abrindo diferentes possibilidades de identificação com a sua história por parte do público.
No texto que escreveu para o programa do espectáculo, salientando “a força, a criatividade e a sensibilidade notáveis” desta encenação de Nuno Carinhas, a investigadora e professora da Universidade do Minho Filomena Louro lembra que as três peças de Tom Murphy “que abordam questões de percepção, escolha e posicionamento de mulheres – Bailegangaire, 1985; The Wake, 1997; e esta Trilogia de Alice – dão corpo e voz à exclusão e violência sobre as mulheres dentro da família, que agora sabemos ser sistémica e não casos isolados”.
O encenador, por seu lado, lembra uma das razões que o levaram a escolher este texto, quando foi convidado pel’A Escola da Noite para voltar a dirigir um espectáculo na companhia: esta “Alice multiplicada” situa-se na “linhagem do teatro irlandês das personagens femininas com voz, que se contam por direito e necessidade de partilha. Mulheres que combatem, com as palavras ditas, a dificuldade de existirem”.
Temporada até 23 de Abril
Após a primeira semana da temporada – com sete sessões em sete dias consecutivos, de segunda a domingo – “Trilogia de Alice” manter-se-á em temporada por mais três semanas, até 23 de Abril, com apresentações às quintas e sextas (19h00), aos sábados (21h30) e aos domingos (16h00), excepto no dia de Páscoa.
Os bilhetes custam 10 Euros, sendo aplicável o desconto de meio bilhete a estudantes, desempregados/as, maiores de 65 e menores de 30 anos e profissionais e amadores/as de teatro. As entradas podem ser compradas na ticketline ou reservadas pelos contactos habituais do TCSB.
TEATRO | ESTREIA
Trilogia de Alice, de Tom Murphy
enc. Nuno Carinhas
A ESCOLA DA NOITE
27 de Março a 2 de Abril de 2023
segunda a sexta-feira, 19h00
sábado, 21h30, domingo 16h00
6 a 23 de Abril de 2023
quinta e sexta-feira, 19h00
sábado, 21h30, domingo 16h00
(excepto 9/4/2023)
> M/14 > 90 min > 5 a 10€
informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
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