De todas as peças que analisaram a situação brasileira pós-1964, O Abajur Lilás se distingue certamente como a mais incisiva, dura e violenta. Plínio Marcos fundiu nela, mais do que em outras obras-primas, talento e ira. (…)
O Abajur Lilás existe como vigoroso documento humano, sem falsificações de nenhuma espécie. Plínio não sucumbiu ao lugar-comum de pintar uma prostituta boazinha, vítima da sociedade. Na áspera luta pela sobrevivência, elas se trucidam tanto quanto desejam ver-se livres do explorador. O texto contém a amarga realidade dos seres que se agitam na imanência, distantes de uma vida transcendente. Agudo diagnóstico de um dramaturgo que se intitula “repórter de um tempo mau”.
Sábato Magaldi
in O Estado de São Paulo, 19/07/1980
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