Começou da melhor maneira a terceira edição do Festival das Companhias. Depois do reencontro entre os vários elementos dos grupos participantes, no Porto de Honra oferecido pelo Hotel Montemuro (onde estamos alojados), e de um grande jantar em que matámos saudades uns dos outros, fomos para Campo Benfeito, onde a companhia anfitriã nos brindou com a apresentação do seu mais recente espectáculo – “Presos numa corrente de ar”, estreado apenas na véspera.
Mais de duzentas pessoas encheram a sala, num verdadeiro ambiente de festa em que, à falta de cadeiras, ninguém se importou de ficar sentado no chão ou mesmo em pé.
A estreita ligação do Teatro de Montemuro com a população da pequena aldeia onde foi criado e se mantém sediado sente-se a todo o momento e é um belíssimo exemplo do que a criação artística pode fazer pelo desenvolvimento no interior do país. A existência de uma sala de teatro numa aldeia com pouco mais de sessenta habitantes no coração da Serra de Montemuro, construída graças à tenacidade, ao esforço e à convicção do núcleo de pessoas que integram este grupo, é a melhor prova de que desistência e resignação são palavras que não constam do léxico das gentes do teatro.
A noite acabou no bar das piscinas do Carvalhal, em mais um momento de confraternização entre os membros das companhias. Em cada encontro, reforçamos velhas amizades, estreitamos laços de companheirismo e conhecemos novas pessoas que entretanto se juntaram a cada um dos grupos. Aliada ao facto de fazermos questão de nos organizarmos de forma a podermos assistir e discutir os espectáculos uns dos outros, esta é uma das características que tornam este Festival tão singular no conjunto das variadíssimas itinerâncias que todas estas companhias vão fazendo ao longo do ano.
No segundo dia do Festival será a vez d’A Escola da Noite apresentar o seu trabalho. Escolhemos “Bonecos & Farelos”, de Gil Vicente, e será com um enorme prazer que estaremos pela primeira vez na cidade de Lamego, no histórico e muito bonito Teatro Ribeiro Conceição, recentemente recuperado.
Dois motivos perfeitos, portanto, para que se junte a nós e faça deste Festival das Companhias também o seu festival. Contamos consigo!