A Mostra de Teatro Galego em Coimbra termina com chave de ouro este sábado, 7 de Outubro. Um espectáculo para toda a família, às 11h00 da manhã, e “Libre como os paxaros”, pelo Teatro do Atlántico, são as propostas irrecusáveis que temos para lhe fazer.
Faça-nos companhia!
HUGO: “SERMOS DIFERENTES FAZ-NOS GRANDES”
O espectáculo “Hugo”, apresentado pela companhia Os Náufragos Teatro, da Corunha, fala-nos da riqueza da diferença e da importância de sabermos conviver com ela. Hugo e Laia são duas crianças. Hugo gosta muito de aviões e toca piano. Laia visita Hugo todos os dias. Gosta de falar e das plantas. Hugo tem PEA, perturbação do espectro do autismo. Através da relação entre as duas personagens, cuja história nos é contada com uma grande simplicidade de meios e muita sensibilidade humana e poética, a peça fala-nos de empatia, da necessidade de comunicarmos e da beleza da diferença.
Com texto original e encenação de Gustavo del Rio, “Hugo” é apresentado em Coimbra com as interpretações de Jimmy Núñez e Sete Eiroa. O espectáculo integra a programação de Outubro dos Sábados para a Infância e é indicado para toda a família. Os bilhetes têm o preço único de 5 euros e podem ser comprados online ou reservados pelos contactos habituais do Teatro.
CELEBRAR ROSALÍA COM O TEATRO DO ATLÁNTICO
O espectáculo de encerramento da Mostra de Teatro Galego em Coimbra é “Libre coma os páxaros”, pelo Teatro do Atlántico. Sob a encenação de Xulio Lago, a actriz María Barcala dá corpo e voz à vida e à obra da grande intelectual, escritora e poetisa galega Rosalía de Castro (1837-1885). Em cena, como na vida deste nome maior da história e da cultura da Galiza (autora de “Cantares Galegos”, “Follas Novas” e “En las orillas del Sar”, entre vários outros marcos fundamentais da literatura do país), “uma mulher toma a palavra e proclama-se dona da sua liberdade. Declara, desafiante, não se submeter às regras da arte no exercício da sua actividade criativa, nem acatar as ordens dos seus pares”. O espectáculo recorda “o seu amor pela literatura, pela poesia e pela língua do seu país; o seu respeito e a admiração pelas escravizadas mulheres do seu povo”; a forma como Rosalía expressou “a sua solidariedade e a sua dor pelas miseráveis condições de vida” que as mulheres galegas tiveram de suportar – adianta a companhia. Escrevendo na segunda metade do século XIX, a escritora denunciava temas como “a espoliação do património florestal e a tragédia da emigração, à qual se vêem obrigados centenas de milhares de compatriotas para poderem sobreviver, eles e as suas famílias, à fome e à miséria”.
“Galega de pensamento livre”, Rosalía de Castro “clama contra o silêncio em que tudo isto está envolvido”. Faz parte desse clamor o poema “Pra Habana!”, do qual seriam retirados os versos que, musicados por José Niza e cantados por Adriano Correia de Oliveira, haveriam de tornar-se num hino contra a ditadura portuguesa, a partir de 1969, sob o título “Cantar da emigração”.
O espectáculo é apresentado em Coimbra numa sessão única, no TAGV, a 7 de Outubro, sábado, pelas 21h30. Os bilhetes custam entre 5 e 7 Euros e podem ser comprados online ou na bilheteira deste Teatro.
O programa de encerramento do Festival inclui também a segunda e a terceira sessões (já esgotadas) da performance “Desde esse silencio”, apresentadas pela encenadora e actriz AveLina Perez como resultado da residência de criação artística que realizou na cidade ao longo de três semanas. No Centro de Artes Visuais, continua patente a exposição “Castelao e a sua época em Coimbra”. Na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona pode ainda ser vista a exposição bibliográfica “O teatro da Galiza no Centro de Documentação da Cena Lusófona”. No foyer do Teatro da Cerca de São Bernardo, mantém-se aberta ao público a Feira do Livro Teatral Galego, com dezenas de títulos de algumas das principais editoras de teatro da Galiza.
A Mostra de Teatro Galego em Coimbra 2023 é uma co-organização d’A Escola da Noite e da Cena Lusófona em parceria com outras nove instituições da cidade: Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra, Centro de Artes Visuais, Centro de Documentação 25 de Abril, CITAC, Cooperativa Bonifrates, GEFAC, Rancho Tricanas de Coimbra e Teatro Académico de Gil Vicente. Ao longo dos dez dias que agora chegam ao fim, o programa incluiu 8 espectáculos, duas oficinas, duas leituras, duas exposições, uma performance, uma apresentação de livro, uma mesa-redonda, uma masterclass, uma feira do livro teatral e até um baile de música tradicional galega, num total de 20 iniciativas abertas ao público e que configuraram um verdadeiro abraço da cidade de Coimbra ao teatro e à cultura da Galiza.