“Cigarreiras”: Feminismo, Luta Laboral e República na Mostra de Teatro Galego

A peça “Cigarreiras”, baseada no romance “La Tribuna”, de Emilia Pardo Bazán, é a proposta da Mostra de Teatro Galego para o dia 5 de Outubro. Com encenação de Cándido Pazó e as interpretações de sete extraordinárias actrizes, a sessão tem lugar às 19h00, no Teatro da Cerca de São Bernardo. 
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“Cigarreiras”, pela Contraproducións (©Cris Becerra)

O romance “La Tribuna”, de Emilia Pardo Bazán, foi escrito em 1883. A acção situa-se na Fábrica de Tabacos de A Coruña. Esta indústria foi das primeiras a contratar massivamente mão-de-obra feminina, constituindo-se como um dos primeiros espaços de socialização colectiva da mulher, assim transcendendo o ambiente doméstico a que tradicionalmente estava confinada. 
A obra oferece-nos um testemunho da crise política que em 1868 levou à queda da dinastia de Bourbon e, em 1873, à proclamação da I República. Uma época “confusa e convulsa, na qual ressoam muitos ecos da actualidade” – adianta o encenador do espectáculo. Pazó salienta a sincronia entre a gestação e o nascimento da república em Espanha e as transformações da protagonista: quando está a dar à luz o seu filho bastardo ouve as vozes da multidão na rua que grita: “Viva a República Federal!”
Com sete actrizes em cena, a proposta dramatúrgica de “Cigarreiras” conjuga o tom próprio de um drama individual e colectivo como “La Tribuna” com outros “mais ligeiros, por vezes até cómicos, tão característicos da narrativa de Emilia Pardo Bazán”. O texto da peça é inspirado no romance mas apresenta-se como obra autónoma e aborda figuras (a de Pardo Bazán e as das cigarreiras), situações e referências históricas de relevo, que “permitem tratar temas de grande actualidade nos dias de hoje – memória colectiva, perspectiva de género, dialéctica de modelos sociais e políticos… – à luz dos vivos e brilhantes argumentos trazidos pela escritora e pela sua obra”.
O espectáculo é apresentado no TCSB numa sessão única a 5 de Outubro, quinta-feira, pelas 19h00. Os bilhetes custam 5 euros e podem ser comprados online ou reservados pelos contactos habituais do Teatro: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

“Cigarreiras”, pela Contraproducións (©Cris Becerra)

Emilia Pardo Bazán (1851-1921) foi romancista, jornalista, ensaísta, crítica literária, poetisa, tradutora, dramaturga, editora, professora universitária e conferencista. Foi a primeira mulher a presidir à secção de Literatura do Ateneu de Madrid e a primeira catedrática de Literatura Contemporânea de Línguas Neolatinas da Universidade Central de Madrid.
Filha de uma família aristocrática da Corunha (cidade que nas suas ficções surge com o nome de “Marineda”), escreveu mais de 600 contos ao longo da sua vida, vários romances – como “La Tribuna” (1883), “Los pazos de Ulloa” (1886), “La madre naturaleza” (1887), “La piedra angular” (1891) ou “La sirena negra” (1908) – e peças de teatro (“El vestido de boda”, 1898; “Cuesta abajo” e “Verdad”, 1906; e “El becerro de metal”, 1909; entre outras). Colaborou com vários jornais e revistas, escrevendo crónicas de viagens, artigos e ensaios. Fundou e dirigiu a revista “Nuevo teatro Crítico” e a “Biblioteca de la mujer”, uma colecção de obras de referência do feminismo.
Entre 1882 e 1883 publicou uma série de artigos sob o título “La cuestión palpitante” sobre o naturalismo, corrente literária em que se inscreve a maior parte dos seus romances e da qual é considerada uma das primeiras protagonistas em Espanha.
Em várias das suas obras aborda temas sociais e laborais (em “La Tribuna” a partir do ponto de vista de uma protagonista feminina), aponta as desigualdades de género e expõe assuntos que à época eram considerados tabu, como as crises matrimoniais ou a violência doméstica.

“Cigarreiras”, pela Contraproducións (©Cris Becerra)

A Contraproducións é uma companhia galega dedicada à criação e distribuição de espectáculos cénicos, dirigida por Cándido Pazó, autor e encenador, e Belén Pichel, directora de produção.
Com uma vocação teatral de espírito aberto, intenção crítica e relação directa com um público de largo espectro, é a plataforma que acolhe a maior parte das criações cénicas de Cándido Pazó no campo do teatro e da narração oral, ainda que abra também espaço a outras figuras da encenação ou da escrita teatral, assim como a co-produções ou colaborações com outras estruturas.

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
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