Libre coma os páxaros | TEATRO DO ATLÁNTICO

“Libre coma os páxaros”, Teatro do Atlántico (© Tino Viz/Margen)

Uma mulher toma a palavra e proclama-se dona da sua liberdade. Declara, desafiante, não se submeter às regras da arte no exercício da sua actividade criativa, nem acatar as ordens dos seus pares.
Declara o seu amor pela literatura, pela poesia e pela língua do seu país; o seu respeito e a admiração pelas escravizadas mulheres do seu povo; e expressa a sua solidariedade e a sua dor pelas miseráveis condições de vida que elas têm de suportar.
Denuncia a espoliação do património florestal, a tragédia da emigração à qual se vêem obrigados centenas de milhares de compatriotas para poderem sobreviver, eles e as suas famílias, à fome e à miséria. E clama contra o silêncio em que tudo isto está envolvido.
Mulher.
Filha de mãe solteira. E de um pai padre. Escritora. E poeta. Galega de pensamento livre. Livre como os pássaros.
Chama-se María Rosalía Rita de Castro.

TEATRO
Libre coma os páxaros
TEATRO DO ATLÁNTICO
7 de Outubro de 2023
sábado, 21h30
> Teatro Académico de Gil Vicente 
> M/14 > 60 min > 5 a 7€
co-org. TAGV

bilheteira online

textos Rosalía de Castro dramaturgia e encenação Xúlio Lago actriz María Barcala composição musical Vadim Yukhnevich gravação Mauricio Caruso espaço cénico e iluminação Antonio F. Simón e Xúlio Lago figurinos Susa Porto fotografía Tino Viz/Margen realização de vídeo e-Me Comunicación técnicos de cena RTA

TEATRO DO ATLÁNTICO
Companhia fundada em 1985 por María Barcala e Xúlio Lago. Apresentou até ao momento 35 produções, entre as quais “Casa de Bonecas”, de Ibsen, “A noite das Tríbades”, de Olov Enquist, “Amor de don Perlimplin con Belisa no Xardín”, de García Lorca, “O cerco de Leningrado”, de Sanchis Sinisterra, “O encoro” de Conor McPherson, “A raíña da beleza de Leenane”, de Martín McDonagh , “Unha primavera para Aldara”, de Teresa Moure, e “Memoria de Helena e María”, de Roberto Salgueiro.
As suas produções têm realizado digressões por quase todas as autonomias de Espanha, com participação em numerosos festivais nacionais e internacionais de Teatro (FIT de Cádiz, FITEI do Porto, Latinoamericano de Córdoba (Arxentina), Internacional de Caracas, MIT de Ribadavia, FESTEIXO de Viana do Castelo, Mostra de Cangas, Mostra de Cee, Muestra de Teatro de las Autonomías “Villa de Madrid”, ou FIOT de Carballo), apresentando sempre os seus espectáculos em língua galega.
María Barcala, Casilda García, Susana Dans, María Bouzas e Gonzalo M. Uriarte receberam importantes prémios de interpretação (protagonista) por trabalhos realizados em produções da companhia, distinguida também várias vezes nas categorias de encenação e iluminação (Xúlio Lago), cenografía (Antonio F. Simón e Carlos Alonso), actor secundário (Toño Casais) e melhor espectáculo (“A noite das tríbades”, “O encoro”, “A raíña da beleza de Leenane” ou “Unha primavera para Aldara”).
Em 2016, “O principio de Arquímedes” foi distinguido com os Prémios María Casares para Melhor Espectáculo, Melhor Encenação, Melhor Interpretação Masculina Protagonista, Melhor Interpretação Masculina em Papel Secundário e Melhor Adaptação. No mesmo ano, a companhia recebeu o Prémio da Crítica de Galicia na categoria de Artes Cénicas.

ROSALÍA DE CASTRO
Rosalía de Castro (1837-1885) escreveu poesia, novelas e contos, em galego e em castelhano. É a figura mais relevante do “Rexurdimento”, movimento que procurou a recuperação literária, cultural, política e histórica da Galiza na segunda metade do século XIX. A publicação em 1863 do seu livro “Cantares Gallegos” marca um ponto de viragem na história da literatura galega, sendo o primeiro livro escrito em galego numa época em que esta língua estava desaparecida como expressão literária.
Precursora da poesia cívica na Galiza, pronuncia-se nos seus escritos contra as duras condições de vida das classes populares no meio rural, que obrigam os homens a emigrar para poderem sobreviver e as mulheres a ficarem para cuidar dos filhos e com o duro trabalho da terra para terem sustento. Foi igualmente uma precursora no compromisso ecologista e na luta feminista, incluindo na sua produção literária a denúncia de agressões sexuais, a luta pela igualdade e a procura de um papel de protagonista da mulher na vida, na sociedade e na literatura.
Vários estudos defendem que Rosalía é a voz mais importante da poesia espanhola do século XIX, considerando-se o seu derradeiro livro – “En las orillas del Sar” – o ponto alto da criação poética nesse período.

[MOSTRA DE TEATRO GALEGO EM COIMBRA 2023]

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