Cavalo Dinheiro | Pedro Costa

cartaz

CINEMA
Cavalo Dinheiro
de Pedro Costa

 

Após termos assistido há alguns anos atrás, em Juventude em Marcha, à mudança radical na vida dos habitantes do bairro das Fontainhas, obrigados a abandonar as barracas onde há anos viviam para se instalarem num novo “bairro social”, em Cavalo Dinheiro estamos de novo com Ventura e com os seus companheiros. Num entrelaçado do presente com o passado da sua memória (assim como de outros conhecidos nossos e de estreias luminosas, como é o caso de Vitalina Varela), de Cabo Verde a Portugal, somos levados pelos olhos e pelas mãos de Ventura por farrapos da história recente do nosso país, tintados por uma dimensão onírica e espectral. Trabalho documental? Ficção? Se Pedro Costa parte da verdade daquelas pessoas, das suas histórias, o labor persistente e paciente com que imaginamos que trabalha com elas na procura de planos de cores e sons arrasadores é da ordem não do artificial mas do artífice, de quem vai ao limite para construir um filme desta natureza. Os fantasmas de Ventura e dos seus companheiros são também espectros nossos. Com Ventura, com Vitalina, com os outros parceiros cabo-verdianos que para Portugal vieram em busca de uma vida mais digna, vamos nós também, habitantes de um mesmo país que a todos trocou as voltas, sejamos nós imigrantes que vieram construir edifícios e estradas, ou emigrantes que fomos também na construção civil e nas limpezas e agora em tudo o que aparecer, porque também nós, os que aqui nascemos e insistimos em permanecer já não sabemos muito bem a que sítio pertencemos. Com Ventura vamos, portanto, e dificilmente a interpelação do seu olhar nos permitirá ficar do lado de fora da força das suas mãos.
Abre o filme uma série de fotografias de Jacob Riis, o autor de How the Other Half Lives, que no final do século XIX denunciou as péssimas condições de vida dos bairros pobres de Nova Iorque. Intermeia-o uma sequência de imagens de personagens paralelas ao filme, ao som de uma música d’Os Tubarões.

Cavalo Dinheiro teve estreia mundial no Festival de Locarno 2014, onde Pedro Costa foi distinguido com o Leopardo de Melhor Realizador e recebeu o prémio da Federação Internacional de Cineclubes. Em Portugal o filme estreou em dezembro, tendo sido considerado o filme do ano pelos críticos do jornal Público.
Desde então, tem sido presença em festivais um pouco por todo o mundo: Festival do Rio de Janeiro, Brasil; Festival de Vancouver, Canadá; Festival de Toronto, Canadá; Festival de Nova Iorque, EUA; St. Petersbourg Media Forum, Rússia; Festival de Valdivia, Chile; Festival du Nouveau Cinéma, Montreal, Canadá; Festival de Londres BFI, Reino Unido; Viennale, Áustria; Festival de Mar del Plata, Argentina; Molodist International Film Festival, Kiev, Ucrânia; Festival Internacional de Curitiba, Brasil; Sessão Plataforma, Porto Alegre, Brasil; Leeds Film Festival, Reino Unido, Festival Internacional de Calcuta, India; CPH:DOX Copenhaga, Dinamarca; Sevilla European Film Festival, Espanha; Taipei; Golden Horse Film Festival, Taiwan; Atenas Avant-Garde Film Festival, Grécia; Human Rights Festival Zagreb, Croacia; Cineuropa, Santiago de Compostela, Espanha, Filmmaker Festival Milan, Itália; Virginia Film Festival, EUA; MUCES Segovia Film Festival, Espanha; Festival de Belo Horizonte, Brasil; Zagreb DOX, Croácia; Jeonju Film Festival, Coreia do Sul; Festival de Gotemburgo, Suécia; Festival de Vilnius, Lituânia; Festival de Belfort, França; Filmex, Tóquio, Japão; Auteur Film Festival Belgrado, Sérvia; Miami Film Festival, EUA; Muestra de Cine Europeo de Lanzarote, Espanha. Já em 2015, esteve ou estará em: Festival de Hong Kong, HK; Xcentric Festival Barcelona, Espanha; FICUNAM, México; Courtisane Festival Ghent, Bélgica (com retrospectiva completa); Festival de Roterdão, Holanda; Sarajevo Film Festival, Bósnia; New Horizons Film Festival, Wroclaw, Polónia; International Film Festival 2Morrow, Moscovo, Russia; Festival de Munique, Alemanha; Festival de Melbourne, Austrália; BAFICI, Buenos Aires, Argentina; Taipei Film Festival, Taiwan (com retrospectiva completa); Transcinema, Lima, Peru; Miami Film Festival, EUA; Festival de Yamagata, Japão.

Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
28 e 29 de Abril de 2015
terça e quarta-feira, 21h30
M/12 > 104′ > 4 Euros

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

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artigos
Pedro Costa em Locarno: “Este não é um filme de ruínas”
– Público, 13/08/2014

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