Doce Língua Salgada | TALEGUINHO

© João Duarte

Água. Numa lágrima como num oceano, água, sal, terra e gente. E cantigas, pois claro, a despontar por todos os lados em que haja terra e água, e lágrimas dos sentimentos da gente – tristezas e alegrias. Porque lágrimas hão de ter chorado as mães dos marinheiros atirados mar adentro quando a terra foi pouca para os sonhos de muito ter, e os passos se calçaram de barcos e lá foram mar afora. Tingiram-se de sons e de cores as cantigas e as peles. E de idiomas também. Pedaços de fado nas mornas africanas (ou olhos verdes em escura pele), um avô beirão em cantos orientais, modas sertanejas de romances de Aljezur. No meio o mar, de um lado e do outro essa imagem-miragem da lusofonia, que é como quem diz o rasto dos portugueses de um tempo em que a Terra não tinha mapa – horizonte apenas. E vontades que eram também cantigas.

MÚSICA | TEATRO
Doce Língua Salgada
TALEGUINHO
10 de Maio de 2025
sábado, 11h00
> M/3 > 45 min > 5€
> lotação limitada
[SÁBADOS PARA A INFÂNCIA]

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / bilheteira@aescoladanoite.pt

criação e interpretação Catarina Moura e Luís Pedro Madeira música Luís Pedro Madeira cenografia Taleguinho figurinos Cláudia Ribeiro costureira Marlene Rodrigues fotografia João Duarte co-produção Teatro da Cerca de São Bernardo e Taleguinho agradecimentos Lameirinho e Maria Alexandre Abreu Cruz

© João Duarte

TALEGUINHO
Cantigas como pedacinhos de tecido, cosidas umas às outras como se fossem dias e noites. Ou como se fossem vidas.
Diz a mãe à filha que “esta cantiga de embalar que te cantei há pouquinho, cantava-ma a mim a minha mãe como a mãe dela lha cantava”. Cantigas são, mas são também adivinhas, provérbios e trava-línguas, dizeres – uns – com cara de quem já foi mouro, outros que são passos de judeus. Cantigas, adivinhas, provérbios e trava-línguas que são daqui e dali, de agora e de há tanto tempo, como mosaicos de pano que o tempo teceu e a vida coloriu, memórias de gente antiga. A tingir de vozes os tempos que hão de vir!

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