E eis que uma vez, passeando ao longo do rio, o padre viu um rapazinho de sete ou oito anos que brincava na areia da margem. O rapazinho tirava água do rio com as suas pálidas mãos infantis e despejava-a numa cova por ele aberta, de maneira comedida e séria, como se praticasse um sacramento.
— O que estás tu a fazer, meu filho? — perguntou o padre Agostinho.
— Estou a mudar a água do rio para esta cova — respondeu o rapazinho e continuou.
— Mas isso é impossível! — exclamou o padre. — Nenhuma pessoa consegue meter a água de um rio tão grande numa cova tão pequenina!
— E tu? — perguntou o rapazinho, e olhou para o padre Agostinho como para um livro já lido. — Pensarás tu que é capaz de escrever alguma coisa sobre a «essência de Deus?»
“Jardim”, de Alexej Schipenko
(tradução de António Pescada)
(informações e reservas: 239718238 / 966302488)
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