A Escola da Noite estreia esta quinta-feira o espectáculo “Teatro Menor”, que inclui 13 peças breves do dramaturgo espanhol José Sanchis Sinisterra. Textos humorados, um teatro com as entranhas à mostra e muitas interrogações – sobre a arte e sobre a vida – são a mais recente proposta do grupo de teatro de Coimbra.
Com tradução, dramaturgia e encenação de António Augusto Barros, “Teatro Menor” (o mesmo título do livro que reuniu, em 2008, 50 textos “breves e brevíssimos” de Sinisterra) oferece ao espectador um conjunto de reflexões e perplexidades sobre a arte e a condição humana, a partir de situações aparentemente banais ou insignificantes – da venda de um apartamento a uma viagem de elevador, passando pelo mais famoso dos desencontros à sombra de uma árvore – e de uma viagem ao interior do próprio fazer teatral, em que autor, actores e personagens se misturam.
Com uma escrita em que ecoam, entre outras, as inspirações de Kafka e Beckett, Sinisterra apresenta-nos “uma espécie de seres” que provocam a atenção e a inteligência do público, propondo perguntas. Afinal, escreveu Sinisterra, “o teatro é uma ferramenta permanente para o homem se interrogar a si próprio, na relação com os outros e com a sociedade”.
Partilhando essas e outras referências com o autor, A Escola da Noite continua também a desafiar os seus espectadores e a desafiar-se a si própria, enquanto estrutura de criação artística que insiste na experimentação, no risco e em trabalhar nas zonas de fronteira, tão caras a Sinisterra e ao seu Teatro Fronterizo. Uma experimentação que se estende ao espaço cénico do espectáculo. Concebido por João Mendes Ribeiro e pelo próprio encenador (que o define como “armazém da memória de uma companhia de teatro”) ele tira partido do “pó do teatro” e dos sapatos “para todas as caminhadas”, uma vez mais, das características e potencialidades únicas desta sala de espectáculos.
José Sanchis Sinisterra (Valência, 1940) é um dos mais originais e conceituados dramaturgos e encenadores espanhóis. Fundador do Teatro Fronterizo na década de 70, em Barcelona, e do Nuevo Teatro Fronterizo, em Madrid, em 2010, é também professor e tem dinamizado múltiplas acções de formação em Espanha, no resto da Europa e na América do Sul, sendo o principal responsável pela formação de gerações de escritores dramáticos no espaço ibero-americano.
A oportunidade de trabalhar textos de Sinisterra, procurada há muito pela companhia, insere-se na aprofundada abordagem ao teatro espanhol que A Escola da Noite iniciou no final de 2010 e que se prolongará até ao final de 2011, nomeadamente com mais três “Jornadas de Dramaturgia Espanhola Contemporânea”, com as presenças em Coimbra de Antonio Onetti, Juan Mayorga e do próprio Sinisterra.
Com interpretação de Igor Lebreaud, Miguel Lança, Miguel Magalhães, Paula Garcia, Rafaela Bidarra e Sofia Lobo, desenho de luz de Jorge Ribeiro e sonoplastia de Eduardo Gama, o espectáculo pode ser visto de quarta a sábado às 21h30 e aos domingos às 16h00.