O actor e encenador Hugo Inácio (Amadora, 1991), que muito recentemente integrou o elenco do espectáculo “Aqui, onde acaba a estrada”, é o convidado de Março do Clube de Leitura Teatral.
Propõe a peça “Rei Ubu”, escrita por Alfred Jarry (1873-1907) no final do século XIX, e adianta algumas razões: “Rei Ubu” é um grito à imaginação que trespassa o manto do ‘real’ e entra acutilante nos nossos desejos mais profundos, proibidos e subversivos que se vão alojando confortavelmente num canto escondido do corpo. É como um jogo de crianças. Elas criam um espaço alternativo com regras específicas que as transportam para uma realidade alternativa, e onde podem ser livres de fugir de um verdadeiro urso que as quer devorar, ou de transformarem a sala num grande aquário onde habitam como peixes que nadam de barriga para o ar. As leis da física, da moral, da religião, do género e da política não estão a salvo. O corpo permite-se entrar numa bolha onde tudo é permitido e onde o erro é ouro!”
Considerado um pioneiro do teatro do absurdo, o trabalho de Alfred Jarry influenciou os movimentos Surrealista e Dada e esteve na origem da “Patafísica”, a “ciência das soluções imaginárias”.
Para além da revisitação a um autor marcante para os caminhos modernos do teatro, ler “Rei Ubu” nos dias que correm – acredita Hugo Inácio – é “um dos meios de dar espaço à imaginação e ao jogo para que actuem no corpo com aquilo que têm de mais revolucionário: a luta contra a alienação e o ‘mercado da personalidade’”.
A leitura terá lugar no Bar/Livraria do TCSB no dia 7 de Março, terça-feira, às 18h30, com entrada gratuita. As pessoas interessadas em participar como leitoras devem inscrever-se através do e-mail clube.leitura.teatral@gmail.com e participar nas sessões preparatórias, que acontecem na véspera ao final da tarde e ao longo da tarde do próprio dia. O Clube de Leitura Teatral é uma iniciativa conjunta d’A Escola da Noite e do Teatro Académico de Gil Vicente que desde 2015 partilha mensalmente com o público um texto dramático através de uma leitura pública. É aberta à participação de qualquer pessoa, independentemente da formação, idade, ocupação profissional ou experiência em artes cénicas.