Na minha juventude, vivi num país comunista. Podemos dizer que conheci a ditadura do pensamento único, da ideologia única, do partido único, do chefe único, da cultura da personalidade. Havia uma atmosfera sufocante nessa época em que o humor nos ajudava a segurar a barra, a resistir. Quanto mais éramos humilhados pelo poder, mais inventávamos piadas políticas. (…) O humor funcionava como uma arma, uma maneira de resistir contra a lavagem cerebral, um espaço de liberdade, uma fonte de ôxigénio, um exercício para se soltar, uma maneira de protestar e permanecer humano, uma forma de crítica social e de lucidez, um exercício de imaginação… Então, você entende o porquê ele está tão presente nas minhas peças sob diferentes formas: o humor negro, o humor que range, o escárnio, o auto-escárnio, a ironia, a alusão, a paródia, a caricatura. Rir não significa de modo nenhum fugir para longe da realidade. O riso que conta é aquele que constrói consciências.
entrevista à revista Cult, Outubro de 2014
Tags: Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres, Matéi Visniec, Revista Cult