Mostra de Teatro Galego em Coimbra: Leituras e performance abrem a segunda semana

Ánxeles Cuña Bóveda, directora da Sarabela Teatro

Uma sessão especial do Clube de Leitura Teatral, dirigida por Ánxeles Cuña Bóveda, e a leitura de fragmentos do guião de “Castelao e a sua época”, coordenada pelos directores dos teatros nacionais da Galiza e da Catalunha, marcam o início da segunda semana da Mostra de Teatro Galego em Coimbra, que decorre até 7 de Outubro. 
O colectivo G.O.D. Flavia Antonia junta-se a esta festa do teatro na quarta-feira, com a performance que apresenta o seu mais recente livro, “Á Mesa!”
Todas as sessões têm entrada gratuita. Faça-nos companhia!

A equipa da Sarabela Teatro em visita ao Centro de Documentação da Cena Lusófona (01/10/2023)

SARAH KANE E SARABELA TEATRO
Convidada para dirigir a sessão de Outubro do Clube de Leitura Teatral, a encenadora galega Ánxeles Cuña Bóveda escolheu a peça “4:48 Psicose”, de Sarah Kane. Na próxima terça-feira, no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), pelas 18h30, dez leitores/as vão dar voz ao texto da autora britânica. Trata-se da sua última peça e foi estreada no ano 2000, já após a sua morte, ocorrida no ano anterior. Num registo indissociável da biografia e do estado de saúde da escritora, o texto aborda os temas da depressão, da busca do amor e da felicidade, da mortalidade, da relação da própria autora com o seu trabalho e com a sua identidade de género. Densa, fragmentada e não linear, a peça inclui diferentes formatos: diálogos entre médico e doente, monólogos, listas (medicamentos, números, verbos), poemas. Em Portugal, a peça foi pela primeira vez apresentada pelos Artistas Unidos, em 2001, com encenação de João Fiadeiro as interpretações de Gracinda Nave e Miguel Borges.
No dia seguinte, 4 de Outubro, pelas 11h00, também no TAGV, Ánxeles Cuña Bóveda realiza uma masterclass sobre o percurso artístico da companhia que fundou e dirige na cidade de Ourense, Sarabela Teatro. É uma oportunidade para apresentar ao público da cidade o percurso de uma das mais importantes companhias profissionais de teatro da Galiza, com mais de 40 anos de história e mais de 30 anos de actividade profissional continuada. Assumindo o objectivo de fazer “um teatro vivo, arriscado, contemporâneo, coerente, com rigor, auto-crítica, responsabilidade e resistência”, Sarabela Teatro foi já distinguido com dezenas de prémios, entre os quais 44 Prémios María Casares, seis Prémios Compostela, cinco Prémios FETEN, um Prémio Celestina e um Prémio Abrente do Festival de Ribadavia pela sua trajectória. Foi Prémio da Cultura Galega em 2016. É responsável pela organização do FITO – Festival Internacional de Teatro de Ourense, pela MITEU – Mostra Internacional de Teatro Universitário e pela MOTI – Mostra de Teatro Infantil de Ourense. Desde 2003, o grupo teve oportunidade de se apresentar em Coimbra por cinco vezes, sempre no âmbito das relações de intercâmbio que há muitos anos mantém com A Escola da Noite e a Cena Lusófona.

Carme Portaceli, directora do Teatre Nacional de Catalunya

CASTELAO E A SUA ÉPOCA: APROXIMAÇÃO E DIÁLOGO ENTRE OS POVOS IBÉRICOS
Ainda na terça-feira, dia 3 de Outubro, pelas 20h00 (logo após a leitura da peça de Sarah Kane), o CITAC apresenta uma leitura pública de fragmentos do guião do espectáculo “Castelao e a sua época”, que Ricard Salvat dirigiu em Coimbra em 1969 mas que foi proibido pela censura e acabou por não estrear.
O guião original, cuja versão censurada se encontra na Torre do Tombo, inclui 140 textos autónomos – de Castelao (fragmentos de “Sempre en Galiza” e da peça de teatro “Os velhos não devem namorar”, entre outros), mas também de mais de três dezenas de diferentes autores/as da Península Ibérica. Entre eles, destacam-se, por exemplo, Ramón María del Valle-Inclán, Teixeira de Pascoais, António Sérgio, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Antonio Machado, Joan Maragall, Federico García Lorca, Curros Enríquez, Óscar Lopes, Manuel da Fonseca, José Gomes Ferreira, Mário Sacramento, Mário Dionísio, Eugénio D’Ors, Almada Negreiros, Salvador Espriu, Álvaro Feijó, Jaime Cortesão, Rodrigues Lapa, Rosalía de Castro, Emilia Pardo Bazán, Antonio Míguez, Frei Marcos da Portela, Martín Sarmiento, Benito Pérez Galdós e Xesús Alonso Montero.
Da equipa artística deste espectáculo, escolhida por Ricard Salvat, fizeram parte três nomes fundamentais da cultura Galega: Isaac Díaz Pardo e Luís Seoane (concepção plástica do espectáculo) e Xesús Alonso Montero, que se deslocou a Coimbra para proferir uma conferência sobre Castelao. A música do espectáculo, a cargo do compositor português José Niza, integrava canções inéditas a partir de poemas de Rosalía de Castro, incluindo o “Cantar da Emigração”, cuja interpretação por Adriano Correia de Oliveira, também ele membro do CITAC, viria a tornar-se um símbolo da luta estudantil.
A leitura que agora se propõe é um acto simbólico de recordação e homenagem ao projecto do CITAC dirigido por Ricard Salvat há mais de 50 anos, que tenta fazer justiça ao objectivo enunciado pelo encenador catalão: “aproximação e diálogo entre os diferentes povos da península ibérica”. A adaptação do guião e a selecção dos fragmentos foi feita por Fran Nuñez, director do Centro Dramático Galego; a leitura é dirigida por Carme Portaceli, directora do Teatre Nacional de Catalunya. A sessão tem entrada gratuita.

G.O.D. Flavia Antonia

Á MESA! E O G.O.D. FLAVIA ANTONIA
O colectivo Grupo Oportunista de Drama (G.O.D.) Flavia Antonia apresenta na quarta-feira, dia 4 de Outubro, pelas 19h00, no Bar/Livraria do Teatro da Cerca de São Bernardo o livro “Á Mesa!”, peça recentemente publicada pelas Edicións Positivas.
A peça, afirmam os autores Carlos Santiago, Clara Gayo e Zé Paredes, resulta do feliz encontro, em 2019, entre o Teatro do Pichel e o “G.O.D Flavia Antonia”. O trio de dramaturgos procura uma linguagem que não seja determinada pelos “condicionalismos da personagem, da história, da circunstância ou do género” e tenta “reduzir ao absurdo o próprio acto criativo”. Construído a partir de apenas duas premissas – “uma mesa e dez pessoas” – o texto tem essa mesa como “a única protagonista garantida, num jogo cénico em que as identidades lutam sem descanso por se definir, com incertos resultados mas cómicos efeitos colaterais”.
Para a apresentação em Coimbra deste livro, os autores prepararam uma performance que oferecerão ao público no Bar/Livraria do TCSB, com entrada gratuita.
A Mostra de Teatro Galego em Coimbra, co-organizada pel’A Escola da Noite e pela Cena Lusófona em parceria com uma dezena de outras instituições culturais da cidade, prolonga-se até 7 de Outubro, com iniciativas em oito espaços diferentes.

Informações:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

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