Aproveitando a época natalícia, A Escola da Noite oferece ao público da cidade um programa alternativo para o final da tarde.
A instalação teatral “700 máscaras à procura de um rosto ou um artista da fome” é apresentada até ao próximo sábado, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em duas sessões diárias: para além da sessão da noite (21h30), a companhia de teatro de Coimbra realiza, de terça a sábado, uma sessão às 18h30.
Numa altura em que as condições climatéricas são pouco convidativas para saídas nocturnas, este horário (pouco habitual em espectáculos) foi definido a pensar particularmente nas pessoas que trabalham na Baixa ou que aqui se deslocam para fazer as suas compras de Natal. É, simultaneamente, uma forma de A Escola da Noite celebrar com a população de Coimbra o regresso do teatro ao coração da cidade, com a recente instalação da companhia no Teatro da Cerca de São Bernardo, junto ao Pátio da Inquisição.
Definida como instalação teatral, “700 máscaras à procura de um rosto” expõe pela primeira vez o acervo de mais de sete centenas de máscaras construídas pelo actor, encenador, cenógrafo e aderecista António Jorge, membro fundador d’A Escola da Noite. Ao longo dos anos, em paralelo com o seu percurso artístico na companhia mas em sintonia com a experimentalidade e a artesania que são marcas do trabalho do grupo, António Jorge desenvolveu um gosto especial pelo trabalho manual com diversos tipos de técnicas e de materiais – ráfia, papel, metal, cabedal -, que foi utilizando na construção deste imenso “povo” de máscaras que agora se apresenta ao público.
A componente expositiva desta instalação é complementada em palco, pelo próprio António Jorge, com o conto de Kafka “Um artista da fome” (traduzido para português por José Maria Vieira Mendes), servido como uma fortíssima metáfora sobre o papel da arte e a condição do artista nas sociedades contemporâneas.
“700 máscaras…” oferece ainda, além disso, uma óptima oportunidade para conhecer o interior do Teatro da Cerca de São Bernardo. Organizada em percurso (o que limita a lotação permitida em cada sessão), a visita à instalação percorre mesmo os mais escondidos espaços do novo teatro, como se se tratasse de um espaço subitamente abandonado, onde já só restassem os sons da estranha e incompreensível actividade que por lá se fizera.
Para além de António Jorge (direcção artística, máscaras e interpretação) e Eduardo Gama (interpretação e banda sonora) a instalação conta ainda com os contributos de Danilo Pinto (luz) e de Sílvia Brito e Rui Valente (vídeo). Está em cena até 20 de Dezembro, tem a duração aproximada de 45 minutos. O bilhete tem o preço único de 5,00 Euros e aconselha-se a reserva antecipada de lugares, atendendo aos limites definidos para a lotação.