De onde vêm e para onde vão aquelas pessoas? O que lhes terá acontecido? O que recordam? Terão alguma vez amado, sentir-se-ão amadas?
Este projecto desenvolve-se em torno do universo do pintor Edward Hopper cujas obras, habitadas por uma mistura de realismo e estranheza, parecem captar um antes e um depois sem que se perceba exactamente o quê. Há uma suspensão instantânea, quase fotográfica, do ritmo quotidiano que assim surge rodeado de segredos e nos cria uma sensação de incompletude.
Em Hopper há um “voyeurismo” frio, um distanciamento, uma quase ausência de voluptuosidade. Motivou-nos este sentimento de interioridade e de silêncio, onde a luz cria espaço, e o espaço é percorrido pela luz, criando um território mental de contemplação. É neste contexto que procurámos desenvolver os materiais. O trabalho de interpretação assentou sobretudo num corpo físico, na construção de partituras de movimento, e no desenvolvimento de ideias de composição coreográfica. A palavra surge só pontualmente e acontece através de duas pequenas histórias retiradas do “Caderno Vermelho” de Paul Auster.
Joana Providência, Fevereiro 2013
Tags: Edward Hopper, Joana Providência, Paul Auster, Projecto H, TEUC