A Escola da Noite acolhe no próximo dia 21 de Julho, quarta, às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo, a estreia de “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, com encenação de Ricardo Correia, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), no âmbito da programação do II Festival das Artes de Coimbra.
A Escola da Noite “incubou” no TEUC e daí herdou, entre muitas outras coisas, uma “marca genética vicentina” que ao longo dos anos tem desenvolvido; também por isso é ainda maior a satisfação ao acolher esta estreia. O acontecimento torna-se possível através de uma parceria estabelecida com o Festival das Artes de Coimbra / Fundação Inês de Castro.
O preço dos bilhetes varia entre 6 e 10 euros, a reserva de lugar pode ser efectuada através do telefone 239718238 ou telemóvel 966302488.
Sinopse
O Auto da Barca do Inferno, foi representado em 1517 na Câmara da Rainha Dona Maria. Neste Auto, inscrito nas moralidades, chegam ao Cais da Morte várias figuras alegóricas que serão sujeitas a um julgamento Post-morten, numa dialéctica Condenação/Salvação, embarcando as figuras na Barca da Glória ou na Barca do Inferno.
Notas de encenação
Trazer à cena o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, é uma proposta arriscada, mas que permite-nos a nós – os Fazedores, revisitar os genes do nosso teatro. A questão a colocar não é se faz ou não sentido fazer Gil Vicente hoje, a resposta é óbvia, mas deverá ser: como fazer Gil Vicente transpostos 500 anos? Como comunicar todas as suas nuances, a sua musicalidade, e integrá- lo no aqui e agora, sem esquecer que Coimbra, Gil Vicente, e o TEUC, traçaram tangentes tantas vezes.
Nesta encenação não pretendo actualizar, nem tão pouco fazer uma reconstituição histórica de um Portugal quinhentista, mas gostaria de burilar as suas palavras, de encontrar com as actrizes, seis por sinal, a sua fisicalidade, o seu jogo, e de construir uma trupe que joga entre o fazer vicentino e a memória desse fazer neste grupo de teatro universitário, re-inventando um novo caminho artístico.
Queremos, e agora uso o plural, fazer um espectáculo íntimo, um espectáculo que nasce da proximidade física, onde a comunicação seja feita olhos nos olhos, tal como foram os espectáculos apresentados por Gil Vicente na Corte, em pequenos espaços, e deste modo, rir deste Mundo às avessas, rir dos outros, rir do passado para inscrevermo-nos no Futuro.
Entramos na Barca, resta saber para onde nos leva…
Ricardo Correia
Ficha Técnica
texto Gil Vicente versão de José Camões encenação Ricardo Correia elenco Íris Ferrer, Maria Pinela, Mariana Ferreira, Nádia Iracema, Rafaela Bidarra, Susana Rocha cenografia Bruno Gonçalves, Eduardo Conceição, Carolina Santos figurinos Carolina Santos desenho de luz Jonathan Azevedo sonoplastia João Gil, Sérgio Costa fotografia TEUC 2010 cabeleireiro Carlos Gago costureira Fernanda Tomás produção executiva TEUC 2010
Tags: Auto da Barca do Inferno, Festival das Artes, Gil Vicente, TEUC