A Escola da Noite e o Cendrev apresentam esta semana “Embarcação do Inferno”, de Gil Vicente, no Festival Internacional de Teatro Clássico de Almagro (Espanha). O Festival realiza em 2021 a sua 44.ª edição e tem Portugal como país convidado.
As apresentações no prestigiado Festival de Almagro (FITCA) constituem a primeira oportunidade para mostrar o espectáculo fora do território nacional. Trata-se de um convite particularmente honroso: o FITCA é um dos mais importantes centros de criação e reflexão teatral sobre os séculos XVI e XVII, conhecidos como os “séculos de ouro” da cultura espanhola. Sob a direcção do encenador Ignacio García, o Festival tem este ano Portugal como país convidado e é um prazer acrescido levar as palavras de Gil Vicente à cidade monumental de Almagro, declarada como Conjunto Histórico-Artístico em 1972.
As duas sessões de “Embarcação do Inferno” terão lugar a 16 e 17 de Julho, pelas 22h45, no espaço da Casa Palacio de los Villarreal. Os bilhetes custam entre 20 e 29 de Euros e podem ser comprados a partir do site do Festival.
Para além d’A Escola da Noite e do Cendrev, integram a programação deste ano do Festival, que acontece entre 1 e 25 de Julho, espectáculos da Companhia de Teatro de Braga e do Centro Dramático Galego, do Teatro Nacional de São João, do grupo Os Músicos do Tejo, da Companhia Nacional de Teatro Clásico e da Nao d’Amores, entre outros, para além de uma exposição de desenhos do cenógrafo português José Manuel Castanheira, autor do cartaz da presente edição do Festival.
Embarcação do Inferno há cinco anos em cena
Estreado em 2016 no Teatro Garcia de Resende, com encenação de António Augusto Barros e José Russo, “Embarcação do Inferno” contabiliza até ao momento mais de 160 apresentações, foi visto por mais de 17 mil espectadores e visitou em digressão uma dezena e meia de localidades portuguesas.
O elenco reúne intérpretes das duas companhias – Ana Meira, Igor Lebreaud, Jorge Baião, José Russo, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash, Rosário Gonzaga e Sofia Lobo –, numa equipa artística que conta ainda com João Mendes Ribeiro e Luísa Bebiano (cenografia), Luís Pedro Madeira (música) e António Rebocho (luz).
Construído por duas das companhias portuguesas que mais aprofundadamente têm trabalhado a obra de Gil Vicente, o espectáculo assinala a passagem dos 500 anos sobre a primeira apresentação do “Auto de Moralidade da Embarcação do Inferno”, também conhecido como “Auto da Barca do Inferno”. A Escola da Noite e Cendrev assumem a vontade de celebrar com o público este momento fundador do Teatro português, afirmando que Gil Vicente não é “apenas” o nosso maior dramaturgo, mas também uma das figuras cimeiras da nossa literatura e da nossa cultura. Respeitando a versão integral do texto, tal como foi fixada por Paulo Quintela em meados do século XX, esta criação desafia os espectadores a confrontarem-se com tudo o que a peça continua a ter para nos oferecer, cinco séculos depois.