Oitava Fábula
O vestido ovo da avó que abraçava o redondo.
Ovo, vestir o outro com o nosso corpo, quando a coluna visita a oval, amolecer, contorcer, partir, desenrolar, desequilibrar
Vestir, desdobrar-se por camadas, deitar-se dentro de um ovo, abraçar-se a si
Dançar dentro de uma caixa para fazer mais ovos.
Fábula coreográfica para dançar (agora)
Nós vivemos dentro de um vestido transparente que viaja connosco para todo o lado. Tem o tamanho dos nossos braços e pernas quando os abrimos em leque a toda a volta. Este vestido, que é como um ovo, aumenta e diminui conforme queremos. Pode conter a nossa pessoa. Pode viajar connosco para todo o sempre. Podemos embrulhá-lo num lençol quando nos deitamos.
Saia da casca do seu espaço.
Vá com a testa ao encontro dos seus joelhos.
Faça dos seus braços que giram à sua volta uma saia redonda e forte.
Abrace os seus braços atrás de si e olhe o céu.
Transporte esse azul do céu com o seu olhar, desde o alto, até ao colo.
Use agora o redondo que ficou nos braços para os abrir e envolver com todo o seu comprimento uma avó que surge do seu colo, feita de cascas de ovo.
* A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com ”danças em casas” prossegue a “segunda estação” – “A dança como fábula”. A exposição pode ser visitada no TCSB, até ao final de Maio, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00). Nos dias de espectáculo, mntém-se aberta até às 24h00.