Sétima Fábula
O avanço da multidão como canção antiga.
Coro, a massa do grupo que invade e se evade, tornado de gente, corais que entoam sons, a escavação de uma energia selvagem, animais em conversas de movimentos
Batalha, o corpo como campo de batalha, vendavais humanos, braços e peito como facas, o homem como animal e o movimento como grito
A água do corpo é a chuva da vida.
Fábula coreográfica para dançar (agora)
(Num coro de movimento)
Se conseguíssemos correr dentro do espaço onde nos encontramos por uma boa meia hora, e o imaginássemos coberto de terra, começaríamos a sentir o “íman” que os corpos sentem e não sentem uns pelos outros quando estão juntos. Podemos pensar, enquanto corremos, que somos um coro humano num campo de batalha que trespassa o ar com as facas do nosso peito. No cansaço da correria, ouvimos a música dos nossos pulmões. Podemos imaginar o vento dentro da sala e aí viramos o corpo, inclinamos a coluna, recuamos, avançamos em grupo, como uma massa humana que invade e foge do mundo quotidiano. Decerto que neste momento conheceríamos a chuva da vida, que é a água que transpira dos nossos corpos quando nos damos todos àquilo que há para fazer.
Talvez alguém gostasse de entoar uma canção sua e os outros poderiam seguir o som com a sua própria voz…
Releia tudo dançando (com alguém).
* A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com ”danças a céu aberto” prossegue a “segunda estação” – “A dança como fábula”. A exposição pode ser visitada no TCSB, até ao final de Maio, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00). Nos dias de espectáculo, mntém-se aberta até às 24h00.