A Escola da Noite estreia no próximo dia 15 de Dezembro o espectáculo “Animais Nocturnos”, de Juan Mayorga. A peça desenvolve-se a partir da chantagem exercida sobre um imigrante sem-papéis numa cidade dos nossos dias. O autoritarismo, a discriminação, a solidão e uma “incomunicação generalizada” são alguns dos temas fortes do texto, sem maniqueísmos nem respostas fáceis.
Mayorga é um dos mais importantes dramaturgos espanhóis contemporâneos. Na sua recente vinda a Coimbra, no âmbito das Jornadas organizadas pel’A Escola da Noite, relembrou o contexto em que nasceu esta peça. Em 2002, o Royal Court Theatre, de Londres, pediu a vários dramaturgos europeus que escrevessem peças curtas sobre políticas dos seus países. Juan Mayorga escolheu a lei de imigração, pela forma como ela “divide a sociedade em duas: há homens com documentos e homens sem documentos”. Explorando a forma como estas leis estabelecem uma diferença “entre uns e outros” e como “tornam tentadora, para cada homem com papéis, a possibilidade de dominar o outro”, escreveu a peça “O bom vizinho”. Posteriormente, desenvolveu o texto e compôs “Animais Nocturnos” – acrescentando à intolerância e ao abuso sobre os fracos por parte dos que se sentem superiores os temas da solidão, da incomunicação e da procura de liberdade nas sociedades contemporâneas.
Quatro personagens, nomeadas apenas pela sua estatura física, dão corpo a uma inusitada e aparentemente irracional situação de escravatura, marcada pelo medo e por uma violência latente. O Homem Baixo, vizinho de cima do Homem Alto, descobre que este vive em situação ilegal e aproveita-se disso para exercer sobre ele a sua autoridade, alterando radicalmente as suas vidas e as das respectivas mulheres.
Abordar estes temas fugindo ao maniqueísmo e à facilidade dos lugares-comuns ou do politicamente correcto é tarefa difícil. Mayorga consegue-o com uma singular mestria, exercitando a dialéctica comum a várias das suas obras e a defesa “até à morte” que gosta de fazer das suas personagens, “tentando entender as suas razões”. O teatro – afirmou o autor em Coimbra – “é capaz de tornar visível a contradição, o que é paradoxal. Pode deixar o espectador desnudado com a pergunta”.
Com encenação de António Augusto Barros, o novo espectáculo d’A Escola da Noite mantém a ambiguidade e os pontos “em aberto” do próprio texto, numa cadeia de liberdade e imaginação que se completa apenas na leitura e na reflexão que for capaz de suscitar no espectador.
A terceira e última peça do ciclo dedicado pela companhia de Coimbra à dramaturgia espanhola contemporânea estreia a 15 de Dezembro no Teatro da Cerca de São Bernardo, onde cumpre uma primeira temporada até dia 23 – de terça a sábado às 21h30 e no domingo, dia 18, às 16h00. Os preços variam entre os 6 e os 10 Euros e é aconselhável a reserva prévia de lugares.
ANIMAIS NOCTURNOS
texto Juan Mayorga tradução António Gonçalves encenação António Augusto Barros interpretação Maria João Robalo, Miguel Lança, Miguel Magalhães, Sofia Lobo cenografia António Augusto Barros, João Mendes Ribeiro figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz Danilo Pinto sonoplastia Eduardo Gama
M/12 > 90′ (aprox.)
Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
15 a 23 de Dezembro de 2011
terça a sábado, 21h30
domingo, 16h00
5 a 29 de Janeiro de 2012
quinta a sábado, 21h30
domingos, 16h00
informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488
Tags: Animais Nocturnos, Juan Mayorga
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