
Uma criatividade que não se esgotava, uma alegria e uma energia que nos contagiavam, uma generosidade que nos comove. Assim recordamos Delphim Miranda, artista multifacetado, homem de teatro, amigo e companheiro de estrada da nossa e de tantas companhias portuguesas, estímulo e fonte de inspiração dos Sábados para a Infância no TCSB, onde foi presença regular e deixou para sempre a sua marca.
Nasceu em Lisboa em 1947. Frequentou o Curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi professor de Educação Visual e Educação Visual e Tecnológica no ensino oficial e formador nas áreas de Expressão Plástica, certificado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional.
Depois de ter experimentado diversas formas de comunicação, tais como o Cartoon, a Banda Desenhada, o Cinema de Animação, a Pintura, a Ilustração, a Performance/intervenção, fixou-se no Teatro, trabalhando nas áreas da Cenografia, Figurinos, Adereços, como Actor e como Autor.
Descobrindo no Ensino as Marionetas como unidade de trabalho capaz de envolver os alunos em todas as áreas expressivas, especializou-se nesta Arte, tornando-se profissional. Criou então os seus primeiros espectáculos, nos quais contracenava com as suas Marionetas, contando histórias de sua autoria.
Percorreu o país de lés a lés como contador de histórias com marionetas, participando também em festivais de Teatro, nacionais e internacionais. Integrou o Programa de Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian, apresentando os seus espectáculos e ministrando formação a professores e animadores nas áreas expressivas.
Durante a Expo 98 integrou o elenco do espectáculo diário “Peregrinação”, conduzindo um dos Peregrimóveis. Na temporada 2016-2017, o Museu da Marioneta, em Lisboa, dedicou-lhe uma exposição retrospectiva, celebrando os seus 40 anos de carreira.
Entre outras colaborações com A Escola da Noite e o Teatro da Cerca de São Bernardo, destacamos, nos últimos anos, as apresentações dos espectáculos “…Queres que te conte outra vez?” (2014) e “Caixas com histórias por dentro” (2015); a exposição de marionetas de fio “A Corte: El-Rei e os seus dignitários” (2017); as oficinas de construção de marionetas e de máscaras, para professores, crianças e famílias, “Como quem costura um conto” (2014), “Más Caras e outras carantonhas – os Zarapelhos” (2015), “Pássaros, passarocos e outros pardalocos” (2015 e 2017), “Ali há quarenta duendes” (2016), “O Zika e outros mosquitos do Diabo” (2016), “Por favor! Uma água com gás!…” (2017), “Gárgulas” (2022), “A propósito dos caretos” (2023).
O Delphim morreu ontem e já está a fazer-nos falta.
Obrigada, companheiro!
A Escola da Noite, 5 de Setembro de 2025