“Verdades escondidas”

Dois casais, cujo homem e mulher de cada um deles acaba por se envolver um com o outro, são a materialização de um mal estar social. A peça, assume Solveig Nordlund é amplamente influenciada pelo teatro de Jon Fosse. Ou seja, “é um teatro de poucas palavras muito minimalista e até absurdo”. Praticamente sem indicações cénicas há um jogo de actores que faz com que as palavras se tornem enunciados de acção e que, “em cada cena, como no cinema, existam várias pequenas cenas”.

O microcosmos representado por estas quatro personagens é visto pela lupa de Lars Nóren, com o objectivo de implicar o espectador num processo de identificação.

Essas frases, que escondem detalhes, são o detonador das bombas que o autor instalou por entre os desejos dos espectadores. “Parecem banalidades, coisas quase práticas, mas que escondem a realidade”. A falsa banalidade que caracteriza muita da escrita dos autores do Norte da Europa, parte do que é indistinto para denunciar o que é singular. E, desse modo, “são os pequenos detalhes do quotidiano que fazem a diferença”. No fundo, apanhar em falso o que é verdadeiro.

Será sempre assim por entre as revoluções são os rostos que ficam, os nomes que se distinguem, as praças que ficamos a conhecer. E a história que fazemos, por via do teatro ou do que existe por dentro dele, a ser permanentemente escrita.”

Tiago Bartolomeu Costa, “Público“, 7 de Julho de 2011

 

29 e 30 de Julho de 2011, sexta e sábado, 21h30
Teatro da Cerca de São Bernardo

Autor: Lars Norén Tradução e Encenação: Solveig Nordlund, com o apoio do Kulturradet – Conselho das Artes da Suécia Cenário e figurinos: Ana Paula Rocha Luz: Acácio Almeida Intérpretes: Joana Brandão, Joana Barcia, Manuel Wiborg, Nuno Nunes, Paulo Guerreiro Co-Produção Teatro Municipal de Almada / Festival das Artes
Espectáculo integrado no Festival das Artes | Mais informações disponíveis aqui.

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