o luxo de Epidauro

Era Janeiro e o Abel escreveu estas linhas, como quem deseja um bom ano:

Quando muita coisa falha e a justiça fica escondida por vontade das ganâncias, e dá-se a parecer que o teatro é um luxo que alguns teimam em manter com os seus brilhos vindos da arte de ensaiar e transfigurar a vida, vem-me a lembrança de Epidauro e a necessidade de lhe honrar a presença e não só a arquitectura, mas, sobretudo, a gentileza de um encontro entre almas apaixonadas pela natureza dos mundos, os que ainda conseguimos viver e os que andam além das nossas ilusões. A responsabilidade de manter vivo esse lume é de todos nós, os que se interessam por inventar outras almas e histórias e os que anseiam por visitar os lugares onde podem desfrutar das invenções. Epidauro, todo o teatro, é a presença da humanidade. Irreparável seria se houvesse esquecimento, sequer a tentação de pensar que poderia ser esquecido. Simplesmente, já não será possível. Continuemos, então, o luxo de Epidauro.

Nós cá estamos, em finais de Outubro, a estrear palavras dele.

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