corpo efervescente*

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© João Tabarra/Paulo Muge

Terceiro segredo

A ebulição do corpo.

Ferver, atacar, combater, ranger, explodir, perder-se

Sofrer, guardar, engolir, chorar com os dentes

Esconder a vida toda numa bolsa de lágrimas.

 

Segredo coreográfico para dançar (aqui)

Os músculos são como elásticos, que se contraem e expandem em diferentes graus de tensão, dependendo daquilo que o corpo sente.

Agarre e largue qualquer coisa que não existe, contraindo e descontraindo os músculos todos.

Lute consigo próprio em câmara lenta. Por exemplo: dê um murro no peito e deixe o corpo arquear quando é atingido, ou então arranque o ombro com uma mão, torça-o agarrado a ele e faça uma volta com o corpo todo.

Aponte de muitas maneiras: de maneira tímida, curiosa e acusadora. Observe como, quando acusa, o seu corpo tem tendência a distanciar-se do seu dedo que aponta.

Junte os lábios e acerte os maxilares para pôr os dentes a ranger dentro da boca.

Cerre os dentes e faça o marfim bater como castanholas em fúria. Congele essa música zangada no silêncio, tape os ouvidos e oiça-a por dentro de si. Imagine que ao ritmo dela o sangue que corre por baixo da pele começa a surgir através dos poros.

 

 

 

* até 16 de Maio, A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com “corpo efervescente” prosseguimos na primeira estação: “O corpo como adivinha”. Para visitar no TCSB, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00).

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