Saramago quer que ninguém esqueça a declaração de Sócrates sobre Cultura

(Público, 18/06/2009, 20h58)

 

 

O escritor José Saramago afirmou hoje em Figueira de Castelo Rodrigo que a “linguagem política é profundamente hipócrita” e que “esses senhores confiam muito na nossa falta de memória”.

O Prémio Nobel da Literatura comentava assim as declarações de ontem do primeiro-ministro José Sócrates, que apontou como exemplo de um erro cometido pelo seu Governo a ausência de um investimento volumoso na área da cultura. 

Para José Saramago, as declarações “comprometem” mas “está na mão de cada cidadão recordar e fazer recordar aos políticos essas declarações”. “Neste caso, e dada a coincidência das declarações do ministro da Cultura e do primeiro-ministro, espero que sejam levadas a sério”, afirmou. 

“O Ministério da Cultura tem uma verba ridícula para fazer o que quer que seja”, disse. “Fico satisfeito com essas declarações, mas que considero-as intenções”, salientou. 

“Espero que a assunção de um erro, que às vezes é necessária, seja acompanhada de propostas concretas. Se ficar simplesmente por assumir um erro, isso esquece, principalmente o próprio.” 

José Saramago falava à chegada à localidade fronteiriça de Figueira de Castelo Rodrigo, a terra que escolheu no seu livro “Viagem do Elefante” para a passagem de testemunho “ibérico” do elefante “Salomão”, oferta do rei D. João III a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria. 

O escritor iniciou ontem uma viagem de autocarro pela rota seguida pela comitiva do elefante Salomão. Amanhã, a viagem prossegue em direcção a Valladolid.

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