O escritor Vasco Graça Moura defendeu hoje que o primeiro-ministro não faz “a mínima ideia” do que seja política cultural, depois de Sócrates ter apontado como um erro do Governo a ausência de um maior investimento na Cultura.
“Não me parece que ele tenha descoberto a pólvora vindo agora dizer isso: um Governo como o dele, que decapitou o Teatro de São Carlos mandando embora o Pinamonti, o Teatro Nacional D. Maria II mandando embora o António Lagarto e o Museu Nacional de Arte Antiga mandando embora Dalila Rodrigues mostra bem que o primeiro-ministro não só nunca prestou atenção nenhuma à Cultura, como não faz a mínima ideia do que seja política cultural”, disse hoje à Lusa Vasco Graça Moura.
Militante do Partido Social-Democrata (PSD), Graça Moura reagiu assim às declarações de José Sócrates à imprensa, no final do debate da moção de censura do CDS-PP ao seu executivo, chumbada com os votos da maioria absoluta socialista.
Instado ao longo do debate pela bancada centrista a apontar um erro cometido pelo Governo que dirige, Sócrates acabou por afirmar, no final e perante a insistência dos jornalistas: “Se há um erro que é possível identificar ao longo destes anos é que talvez devêssemos ter investido mais em cultura, tal como fizemos em ciência”.
“Promessas ao contrário
Segundo Graça Moura, este Governo “não fez nada” em termos de Cultura, depois de José António Pinto Ribeiro ter declarado, assim que tomou posse, que faria “mais com menos”.
“O problema do primeiro-ministro – comentou o escritor – é que ainda por cima está a conduzir o ministro dele, o ministro da Cultura, a um beco sem saída com essas declarações (…) é um caso de demissão imediata, acho eu”.
No entanto, – acrescentou – “se ele diz que vai corrigir, também não é de tomar a sério, porque normalmente quando ele diz que vai mudar, vai mudar para pior. As promessas dele são sempre ao contrário”.
“Para mim, não é fiável nada do que diz o primeiro-ministro. É absolutamente evidente que é um jogo de danças e contradanças ao sabor do palpite eleitoral – que explicou a campanha eleitoral inacreditável que ele fez, como explica outras mudanças”, observou Graça Moura, dando como exemplo o projecto do TGV, apresentado pelo executivo socialista como uma decisão assente e que repentinamente, depois das eleições europeias de 7 de Junho, passou para a próxima legislatura.
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