Posts Tagged ‘Castro Daire’

Diário do Festival: sexta-feira

Sábado, Junho 13th, 2009

 

 

Ao terceiro dia do Festival, as companhias quiseram chamar os representantes institucionais para debater os principais problemas com que se confrontam do dia-a-dia e, particularmente, os efeitos da aplicação das novas regras do financiamento público da criação artística. O debate realizou-se à hora marcada, em Campo Benfeito, e permitiu uma viva discussão com o único convidado que compareceu – o Director Regional da Cultura do Centro, António Pedro Pita. A DGArtes e as autarquias de Castro Daire e Lamego cancelaram a sua participação à última hora, o que reduziu o alcance pretendido para a discussão. Foram ainda assim elencados muitos dos problemas que vimos denunciando – a sub-orçamentação da cultura em Portugal, o regime de sobrevivência em que as companhias são obrigadas a trabalhar (e que se vem agravando de ano para ano), a falta de diálogo entre criadores e governantes -, mas também muitos dos contributos que as companhias entendem ter vindo a dar para o teatro em Portugal: na construção e na dinamização de espaços por todo o país, na manutenção de uma oferta regular de espectáculos por todo o território (construindo e fixando hábitos culturais entre a população) e, até, na construção de pontes entre a Administração Central e as autarquias locais, em matérias onde estes dois níveis de governação deveriam interagir muito mais.

Saímos de Campo Benfeito com uma inevitável sensação de “dejá vu” em relação a debates anteriores, é certo, mas com a convicção reforçada de que, enquanto estas discussões não forem levadas até ao fim, é necessário criar momentos de clarificação e de fixação de argumentos. Nesse sentido, o debate de ontem foi importantíssimo e revelou a grande sintonia existente entre as companhias da Plataforma e, inclusivamente, com o Trigo Limpo/ Teatro Acert, de Tondela, que aceitou o nosso convite para se juntar à discussão.

Num outro plano, é importante reter a intervenção de Sónia Botelho, jovem actriz do Teatro das Beiras, que destacou o contributo deste encontro para reforçar a ligação não só entre as companhias mas entre todos os seus membros individuais, que normalmente não podem participar nas reuniões preparatórias. O seu desafio foi aceite e imediatamente posto em prática: o modelo e o programa do próximo Festival, que terá lugar em Coimbra, está já a ser discutido informalmente por todos nós, nos corredores do hotel, à mesa das refeições e nos vários momentos de confraternização que este encontro nos proporciona.

À noite, em Castro Daire, a programação artística do Festival prosseguiu com a apresentação de “Memórias de Branca Dias”, do Cendrev, no Auditório Municipal de Cultura. Como tantos outros no país, que estas companhias conhecem bem, trata-se de um espaço com graves limitações técnicas, que condicionam de forma séria o tipo de espectáculos que ali podem ser apresentados. Assinala-se no entanto o esforço feito pela Câmara Municipal e pelo Teatro de Montemuro, que conseguiram minimizá-las para este Festival, colocando no palco uma estrutura provisória para a iluminação cénica. Não temos ainda números oficiais, mas foram seguramente mais de 100 pessoas a aplaudir o exigente trabalho de actriz de Rosário Gonzaga, sozinha em palco a interpretar o texto de Miguel Real, encenado por Filomena Oliveira.

No início da madrugada, o grupo ficou finalmente completo: chegou a ACTA, do Algarve, cujos compromissos não lhe permitiram participar no Festival desde o início. Estamos agora todos e assim continuaremos até Domingo. Teremos ainda mais três espectáculos, um debate e a grande festa de encerramento.

Junte-se também a nós!

Companhias descentralizadas debatem política cultural com representantes do Governo e das autarquias

Terça-feira, Junho 9th, 2009

Aldeia de Campo Benfeito - Castro Daire (© Joel Martins Rodrigues)

Aldeia de Campo Benfeito - Castro Daire (© Joel Martins Rodrigues)

As seis estruturas de criação teatral que integram a Plataforma das Companhias – A Escola da Noite, ACTA, Cendrev, Companhia de Teatro de Braga, Teatro das Beiras e Teatro do Montemuro – organizam na próxima sexta-feira, dia 12 de Junho, pelas 16h00, uma mesa-redonda dedicada ao tema “O Teatro na Descentralização”.

A iniciativa ocorre no âmbito da terceira edição do Festival das Companhias e terá lugar em Campo Benfeito, no espaço do Teatro do Montemuro, companhia que este ano organiza e acolhe o Festival. Estão confirmadas as presenças do Director Regional de Cultura, António Pedro Pita, de um representante do Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes, Miguel Caissotti, do vereador da cultura de Castro Daire, António Oliveira Giroto, da vereadora da cultura de Lamego, Teresa Santos, e ainda da deputada na Assembleia da República pelo distrito de Viseu, Claudia Couto Vieira.

Na sequência da refexão e da intervenção que têm vindo a fazer sobre política cultural e, em particular, sobre a operacionalização de uma verdadeira descentralização em matéria de criação artística, estas seis companhias convidam vários responsáveis institucionais para procurar encontrar, em conjunto, as formas mais eficazes de ultrapassar os diversos constrangimentos com que as estruturas de criação sediadas fora de Lisboa continuam a confrontar-se.

Depois das duas posições tomadas no âmbito desta Plataforma em Agosto e Setembro do ano passado, quando estava a ser preparado o novo quadro legislativo que regula o financiamento público da criação artística, esta mesa-redonda servirá também, inevitavelmente, para que se faça um primeiro balanço das medidas adoptadas pelo actual Governo, num momento em que os contratos entre o Governo e as companhias com mais anos de actividade foram já assinados e em que está a decorrer o primeiro concurso de “apoios pontuais” ao abrigo das novas regras.

As companhias organizadoras contam naturalmente com a presença nesta sessão de outras estruturas de criação descentralizadas, da área do teatro mas não só, para que o debate seja o mais alargado e produtivo possível.

O Festival das Companhias conhece este ano a sua terceira edição. Depois de Faro (2005) e de Braga (2008), ele reparte-se desta vez por três localidades do distrito de Viseu – Campo Benfeito (aldeia em que está sediado o Teatro de Montemuro), Castro Daire e Lamego -, ao longo de cinco dias. Entre 10 e 14 de Junho, o público poderá assistir a seis espectáculos diferentes (um de cada companhia da Plataforma), frequentar um workshop de escrita criativa com o dramaturgo Abel Neves, e ainda participar no debate “O Teatro como ferramenta de trabalho com os jovens”.

Aproveite os feriados e faça-nos companhia!

 

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III Festival das Companhias: locais dos espectáculos

Terça-feira, Junho 9th, 2009

Falta um dia para o Festival das Companhias.
Veja no mapa os locais dos espectáculos em Campo Benfeito, Castro Daire e Lamego.
Venha fazer-nos companhia!


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CTB e Teatro das Beiras em Castro Daire e Lamego

Sábado, Junho 6th, 2009

 

"Hotel de Província", pelo Teatro das Beiras

"Hotel de Província", pelo Teatro das Beiras

 

Ana Bustorff em "Concerto à la carte", pela Companhia de Teatro de Braga (© Manuel Correia)

Ana Bustorff em "Concerto à la carte", pela Companhia de Teatro de Braga (© Manuel Correia)

O quarto dia do Festival das Companhias (próximo sábado, 13 de Junho) apresenta-nos uma programação reforçada: à mesma hora, em localidades diferentes, duas companhias apresentam os seus espectáculos.

Em Lamego, no Teatro Ribeiro Conceição, o Teatro das Beiras apresenta “Hotel de Província”, de Aleksandr Vampilov, uma “comédia de enganos” sobre a burocracia e o autoritarismo que a companhia sediada na Covilhã tem levado a todo o país, incluindo a Coimbra – ela foi apresentada em Março, no Teatro da Cerca de São Bernardo.

Também às 21h30, mas em Castro Daire, a Companhia de Teatro de Braga apresenta “Concerto à la carte”, que assinala o regresso de Ana Bustorff aos espectáculos da companhia, numa encenação de Rui Madeira da peça de Franz-Xaver Kroetz.

 

HOTEL DE PROVÍNCIA

pelo Teatro das Beiras

Teatro Ribeiro Conceição, Lamego

13 de Junho, 21h30

encenador Gil Salgueiro Nave cenografia e figurinos Luís Mouro interpretação Fernando Landeira, João Ventura, Luís Campião, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Teresa Baguinho

 

CONCERTO “À LA CARTE”

pela Companhia de Teatro de Braga

Auditório Municipal de Cultura, Castro Daire

13 de Junho, 21h30

autoria Franz-Xaver Kroetz interpretação Ana Bustorff encenação Rui Madeira assistentes de encenação Frederico Bustorff Madeira, Solange Sá tradução Maria Adélia Silva Melo cenografia Carlos Sampaio figurinos Sílvia Alves desenho de luz Fred Rompante desenho de som Pedro Pinto

 

 

[consulte AQUI o programa completo do Festival]

 

“Memórias de Branca Dias”: o Cendrev no Festival das Companhias

Sexta-feira, Junho 5th, 2009

cartaz-cendrev

“Memórias de Branca Dias” é o título do espectáculo que o Centro Dramático de Évora (Cendrev) apresentará no próximo dia 12 de Junho em Castro Daire, no âmbito do III Festival das Companhias.

Com encenação de Filomena Oliveira a partir do romance homónimo de Miguel Real, publicado em 2003, “Memórias de Branca Dias” apresenta-nos uma personagem cujos contornos se encontram entre a História e a lenda, representada em palco, a solo, pela actriz Rosário Gonzaga.

Considerada uma das matriarcas do Pernambuco, Branca Dias é, no século XVI, no Brasil, símbolo do povo miúdo português no Novo Mundo, evidenciando o lado popular do heroísmo quotidiano, exultante e aziago, miscigenador e dizimador, generoso e rapace dos primeiros colonos portugueses no Brasil.

Denunciada pela própria mãe e pela irmã, é presa pela Inquisição em Lisboa, de onde parte clandestinamente com sete filhos, para o Pernambuco. Com Diogo Fernandes, seu marido, constrói Camaragibe, um dos primeiros engenhos de açúcar do Pernambuco, onde cria os seus onze filhos, e onde permanecerá dez anos depois da morte do marido como a primeira senhora de engenho do Brasil. Vende Camaragibe para se instalar em Olinda, onde se torna mestra de meninas, criando a primeira escola de costura e de cozinha.

 

MEMÓRIAS DE BRANCA DIAS

pelo CENDREV

Auditório Municipal de Cultura, Castro Daire

12 de Junho, 21h30

autoria Miguel Real adaptação dramatúrgica e encenação Filomena Oliveira interpretação Rosário Gonzaga orgânica sonora e música original David Martins arranjos para voz Andreia Lopes concepção cenográfica Ricardo Assis Rosa desenho de luz Paulo Cunha pesquisa e desenho de figurino Ana Bruno

 

[consulte AQUI o programa do espectáculo]

[consulte AQUI o programa completo do Festival]