Amanhã no TCSB: estreia em Coimbra de “Floresta de Enganos”, de Gil Vicente

“Floresta de Enganos” © Carolina Lecoq

“Floresta de Enganos”, de Gil Vicente, a nossa mais recente co-produção com o Cendrev, estreada em Évora em Dezembro, chega amanhã a Coimbra. A temporada no TCSB estende-se até 6 de Fevereiro e inaugura um novo horário: para além das quintas-feiras, também às sextas os espectáculos são às 19h00.

TEATRO
Floresta de Enganos, de Gil Vicente
co-produção Cendrev / A Escola da Noite
20 de Janeiro a 6 de Fevereiro de 2022
quinta e sexta, 19h00
sábado, 21h30
domingo, 16h00
(excepto 30/01/2022)
M/12 > 70 min

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
bilheteira online


Escrita e representada pela primeira vez em Évora em 1536, “Floresta de Enganos” é a última obra de Gil Vicente. Considerada, a muitos títulos, como uma “peça-problema” dentro da obra vicentina, é uma peça de enigmas e mistérios, de subentendidos que deixaram de ter o seu contexto, em que se cruzam os planos de seres mitológicos e terrenais.Classificada como comédia na Compilação de 1562, esse é o tom em que a peça se desenvolve, com personagens que reciprocamente tentam enganar-se em histórias paralelas e um “gran finale”, com casamento e música. No prólogo, o Filósofo anuncia mesmo uma “fiesta de alegría”, que começa com um Mercador que “pensando d’enganar, / ha de quedar engañado” e ao longo da qual havemos de conhecer a história de Grata Célia, filha do Rei Telebano, vítima dos amores do próprio Cupido e dos sucessivos enganos que este engendra para conquistar o afecto da Princesa.Ao contrário do resto da peça, e sobrevivendo como “texto autónomo”, este prólogo tem, contudo, acentos trágicos. O Filósofo, com um Parvo atado ao pé, preso e proibido de falar, não deixa de segredar ao público que está a pagar pelo que disse, pelo que criticou, pelos seus “consejos muy sanos”. Escrito no mesmo ano em que a Inquisição haveria de chegar a Portugal e ponto terminal da obra de Gil Vicente, o discurso deste Filósofo parece constituir um testemunho e um testamento das ideias políticas, sociais e religiosas do autor.

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