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Festival das Companhias

Sexta-feira, Maio 29th, 2009

cartaz-do-festival1

A Escola da Noite participa, entre 10 e 14 de Junho, no III Festival das Companhias Descentralizadas, que terá lugar em Campo Benfeito, Castro Daire e Lamego.

Organizado rotativamente pelas seis companhias que integram a Plataforma das Companhias – uma estrutura informal de colaboração, debate e intercâmbio de companhias de teatro profissional sediadas fora de Lisboa e Porto -, o Festival é este ano acolhido pelo Teatro de Montemuro, depois da edição inaugural (Faro, 2005) e da segunda edição, realizada em Braga no ano passado.

O programa inclui a apresentação de seis espectáculos, um por cada companhia: A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra, ACTA – Companhia de Teatro do Algarve, Centro Dramático de Évora, Companhia de Teatro de Braga, Teatro das Beiras e Teatro de Montemuro. Paralelamente, estão agendados um workshop de escrita criativa, dirigido por Abel Neves, um debate sobre “Teatro na descentralização” e uma mesa-redonda subordinada ao tema “O teatro como ferramenta de trabalho com os jovens”.

A Plataforma das Companhias existe desde 2004. Para além dos festivais, publicou já um primeiro número do “Jornal das Companhias” (2005), tem permitido a troca regular de espectáculos entre as companhias que a integram e potenciado diversas co-produções entre estes grupos. Em Agosto e Setembro do ano passado, no âmbito do processo de alteração do quadro que regulamenta o financiamento público à criação artística, foram divulgadas duas posições públicas em nome colectivo.

Para além de constituirem um momento privilegiado para mostrar ao público das cidades onde estão sediadas estas estruturas o trabalho desenvolvido pelas suas congéneres, os festivais são igualmente oportunidades para fomentar o encontro e a partilha de experiências entre as companhias e as respectivas equipas, reforçando o inter-conhecimento e potenciando novas formas de colaboração.

 

III Festival das Companhias
PROGRAMA

 

10 de Junho
“Presos por uma corrente de ar”
Teatro de Montemuro
Campo Benfeito, Espaço Montemuro, 21h30

 

11 de Junho
Workshop de escrita criativa
Abel Neves
Lamego, Teatro Ribeiro Conceição, 16h00
“Bonecos & Farelos”, de Gil Vicente
A Escola da Noite
Lamego, Teatro Ribeiro Conceição, 21h30

 

12 de Junho
debate “O teatro na descentralização”
Campo Benfeito, Espaço Montemuro, 16h00
“Memórias de Branca Dias, de Miguel Real
Centro Dramático de Évora
Castro Daire, Auditório Municipal de Cultura, 21h30

 

13 de Junho
mesa-redonda “O teatro como ferramenta de trabalho com os jovens”
Castro Daire, Museu Municipal, 16h00
“Hotel de Província”, de Aleksandr Vampilov
Teatro das Beiras
Lamego, Teatro Ribeiro Conceição, 21h30
“Concerto ‘à la carte'”, de Franz Xaver Kroetz
Companhia de Teatro de Braga
Castro Daire, Auditório Municipal de Cultura, 21h30

 

14 de Junho
“Auto da Índia”, de Gil Vicente
ACTA – Companhia de Teatro do Algarve
Campo Benfeito, Espaço Montemuro, 16h00
Festa de encerramento
Campo Benfeito, Espaço Montemuro, 17h00

Uma carta coreográfica: últimos dias*

Sexta-feira, Maio 29th, 2009
© Hans Koster | "Freeze-Frame 308-69-2006", 2006 

 

© Hans Koster | "Freeze-Frame 308-69-2006", 2006

 

Imagine que os seus sapatos pisam a relva. Olhe para ela e lembre-se do primeiro desenho desta exposição. Ponha a sua mão no pescoço e, com a ajuda do toque, recorde-se do que estava desenhado no seu interior.

Agora, observe-se a andar. Observe-se por dentro a andar. Pense nos feixes de músculos necessários para que um passo se realize, na passagem do sangue dentro das veias, nos ossos que se articulam e que são as âncoras dos músculos. Tudo se move para que ande, ande pela relva.


Continue a andar sem se impor um destino concreto. Pense no seu andar ao sair da fotografia. É um andar leve? Hesitante? É forte a maneira como transporta o seu peso de um pé para o outro? Que ritmo têm os seus passos?

E o caminho que pisa, como é? Já pensou no que está por debaixo do chão? Na camada mais próxima dos seus pés e nas que se sucedem em direcção ao fundo da terra? Se se levantasse o chão debaixo dos seus pés, como reagiria?

Que direcção toma? Para onde olha? E as mãos? Onde e como estão? A coluna? Flexível, ao ritmo do seu pisar? Já cedeu? Sente as ancas a moverem-se quase livremente, ajudando as pernas a andar?

E a forma como as pernas indicam aos pés que andem?

E os pulmões, está a ouvi-los? E os passos que agora dá? Está a vê-los? Observe as suas pernas, os seus pés a andar. Veja como se colocam um atrás do outro, e o peso para a frente. Estão a andar à sua frente?!…

Observe e continue a andar. É a dança que os move.

Aproveite… aproveite agora e sorria.

As suas ideias e o seu corpo acabaram de se encontrar por um instante.

Nesse instante, ao mover-se e ao observar-se, os seus passos ganham imagens e sentidos desconhecidos e assim nascem fábulas nas plantas dos seus pés… As suas fábulas.

 

 

* Ao longo do último mês, A Escola da Noite publicou algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. No blog, ela termina aqui. No Teatro, pode visitá-la até amanhã, às 19h00. Vale a pena!