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hoje, amanhã e depois: últimas oportunidades para assistir a “atravessando as palavras…”

Quinta-feira, Maio 7th, 2009

 

Miguel Magalhães e Ana Mota Ferreira em "atravessando as palavras..."

Miguel Magalhães e Ana Mota Ferreira em "atravessando as palavras..." (foto de Augusto Baptista)

Tem apenas mais três oportunidades para assistir a “atravessando as palavras há restos de luz”, de Kafka:

7, 8 e 9 de Maio

(quinta, sexta e sábado)

sempre às 21h30

no Teatro da Cerca de São Bernardo

 

Reserve já os seus lugares!

Esta exposição é como uma carta.*

Quinta-feira, Maio 7th, 2009

Uma carta escrita para si.

Esta carta quer acordá-lo para a força expressiva e transformadora que o corpo tem.

O corpo transporta consigo sentidos escondidos atrás dos seus movimentos, gestos, posturas e olhares.

Seja qual for o contexto, o corpo desvenda sempre partes da sua identidade, da sua personalidade, da sua condição e dos seus segredos. Todos estes aspectos se completam e revelam no caminhar pela vida.

Esse caminhar de cada um compõe no conjunto da população uma gigante paisagem humana em movimento, através do tempo e do espaço. O corpo fala sem precisar de usar palavras. Não mente. A comunicação não verbal é, por isso, uma fonte poderosa de conhecimento. Uma fonte rica, misteriosa e aberta. Ajuda-nos a ler o outro entre as linhas das palavras ditas. O que esta carta propõe é uma visita a um conjunto de corpos, com idades, em situações e condições diferentes, através da linguagem da fotografia, da pintura e do desenho, que celebram a sua existência.

Para essa celebração criou-se um grande mapa com nove painéis.

Cada um deles ilumina um ponto de vista sobre o corpo.

Lança-se aqui o convite à leitura coreográfica desta carta.

A palavra coreografia vem do grego antigo e quer dizer “a escrita do círculo”. Coreo – círcuo, roda, a forma que é mais perfeita e mágica; grafia – grafismo, desenho ou escrita.

A “coreografia” é o desenho do corpo em movimento. Com a íris dos nossos olhos, podemos ver e compreender a “dança” que se encontra à flor da pele destes corpos desenhados, pintados e fotografados…

Estes nove painéis falam do corpo como uma grande adivinha. Em cada painel, haverá oportunidade para ver, ler e mover-se, para adivinhar ou intuir o que resulta do cruzamento entre os corpos que vemos e o nosso próprio corpo. A seguir a estes nove painéis, haverá outros nove que falarão do movimento do corpo quando este se transforma em dança.

Esta exposição divide-se, assim, entre duas estações: saltando do sítio da terra, do corpo como adivinha, para o lugar da dança, a dança como fábula.

A carta move-se, se o leitor quiser. Ela move-se com o tempo, com o tempo das suas leituras.

O leitor pode sempre escolher entre olhar e ler, olhar e mover-se, ler e mover-se. Pode querer fazer as três experiências. Pode fazê-lo sozinho ou em grupo. Cada painel apresenta três planos de leitura:

1. Grande painel de imagens;

2. Texto que oferece pistas à leitura das imagens;

3. Cartas para ler com o corpo: na primeira estação | “segredos coreográficos para dançar (aqui); na segunda estação | “fábulas coreográficas para dançar (agora).

Para ler toda a carta será preciso caminhar pelos terrenos destes corpos, os da terra e os da dança, que se encontram juntos numa composição e que propõem uma adivinha: a relação entre si. Nessa associação, surgem o limite e a possibilidade de diálogo entre os corpos. O corpo, no que ele tem de universal e individual, e acção do tempo sobre o corpo, a acção do corpo sobre o tempo, a acção da gravidade dobre o corpo, a emoção e os seus signos, a solidão como fronteira, o desejo de conquistar o espaço para vencer, comunicar, crescer. lembrar, brincar, dormir.

O corpo existe numa metamorfose permanente, rápida e imperceptível.

Os seus segredos e as suas fábulas fazem parte da sua construção.

Esta carta é o jogo da sua desconstrução…

 

 

* texto de apresentação, no catálogo da exposição “uma carta coreográfica