Deputadas do PE classificam política europeia de imigração como “desumana”

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Marisa Matias, Ana Cristina Santos e Inês Zuber (fotos: Eduardo Pinto)

A deputada do PCP no Parlamento Europeu Inês Zuber acusou ontem a União Europeia de condicionar a sua política de imigração aos interesses económicos. “É uma política desumana e que contradiz a ideia de que a Europa é um espaço onde os direitos humanos são respeitados”, declarou a deputada, relembrando as 20 mil pessoas que morreram já no Mediterrâneo quando tentavam chegar à Europa.

No debate organizado pel’A Escola da Noite em parceria com a Licenciatura em Relações Internacionais da FEUC a pretexto do espectáculo “Novas diretrizes em tempos de paz” participou também Marisa Matias, deputada do Bloco de Esquerda. Corroborando a acusação da sua colega do Grupo da Esquerda Unitária Europeia (GUE-NGL), Marisa Matias acrescentou a situação dos refugiados que procuram asilo na Europa, fugindo de situações de conflito ou a diferentes tipos de perseguição: para evitar recebê-los no seu espaço, a UE “concessiona” esse acolhimento a outros países, sem acautelar as condições em que ficam as pessoas.

As duas deputadas referiram ainda os crescentes constrangimentos com que se confrontam os próprios imigrantes europeus dentro do Espaço Schengen, apontando exemplos recentes ocorridos na Inglaterra, no Luxemburgo e na Bélgica, onde diariamente dezenas de cidadãos europeus recebem cartas de expulsão.

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Dois dias antes, no primeiro debate do ciclo, Maria João Guia, investigadora do Centro de Direitos Humanos e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, apresentou dados que refutam a ideia feita de que os índices de criminalidade são maiores entre os imigrantes. “Há muito a fazer no que respeita à educação das pessoas”, afirmou, quando questionada acerca dos preconceitos que subsistem quer entre os decisores políticos, quer entre a população em geral.

Gustavo Behr, José Manuel Pureza e Maria João Guia (fotos: Eduardo Pinto)

Gustavo Behr, José Manuel Pureza e Maria João Guia (fotos: Eduardo Pinto)

Na mesma conversa, Gustavo Behr, vice-presidente da Casa do Brasil em Lisboa, referiu-se à “discricionariedade” com que os imigrantes são tratados pelas autoridades competentes. “A personagem de Segismundo mostra isso muito bem”, afirmou, referindo-se ao guarda da alfândega da peça de Bosco Brasil.

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“Novas diretrizes em tempos de paz” retoma agora a sua digressão. Chega ao Teatro Garcia de Reende, em Évora, já no próximo fim-de-semana, e parte depois para a Galiza (quatro cidades entre 13 e 16 de Fevereiro) e Lisboa (Teatro Meridional, 27 de Fevereiro a 1 de Março).

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