Archive for Maio 17th, 2009

sobre “Jerusalém”, de Gonçalo M. Tavares

Domingo, Maio 17th, 2009
 

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (© André Fonseca)

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (© André Fonseca)

Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra
19 e 20 de Maio, 21h30 

 

“Os seus ‘livros negros’ já me tinham proporcionado uma felicidade de leitura que, porque rara, me anda a ser preciosa. Este Jerusalém eleva as suas qualidades à perfeição: uma invejável competência literária traz a ferocidade do enredo para uma escrita de beleza sóbria.”

Hélia Correia

 

“(…) Guardando a sua substância e sem propriamente trair o original, João Brites e o bando criam, em JERUSALÉM, obra nova com a determinação experimentalista característica dos seus melhores trabalhos. Não fazem do teatro uma arma; antes não desistem de lhe acrescentar consciência e responsabilidade social.”

Rui Monteiro, Time Out, 29/10/2008

Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares, no TCSB

Domingo, Maio 17th, 2009
tavares

Gonçalo M. Tavares

A Escola da Noite acolhe esta terça e quarta-feira (19 e 20 de Maio, às 21h30) o espectáculo “Jerusalém”, dando assim início à residência artística REN do Teatro o bando, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, a decorrer ao longo de toda a semana.

“Jerusalém” adapta aos palcos um dos mais consagrados romances de Gonçalo M. Tavares, que, com esta obra, recebeu, entre outras distinções, um dos mais importantes prémios literários do Brasil, o Portugal Telecom de Literatura 2007 e ainda o Prémio Ler-Millenium-BCP e o Prémio José Saramago 2005.

João Brites fez a adaptação e encenação deste livro, construindo um espectáculo que o crítico Rui Monteiro, na Time Out, considerou “[guardar] a substância e sem propriamente trair o original, … [criar uma] obra nova com a determinação experimentalista característica dos seus melhores trabalhos.”

Para além de João Brites, responsável pela dramaturgia, encenação e espaço cénico, fazem parte da ficha técnica deste espectáculo na corporalidade Luca Aprea, na oralidade Teresa Lima, na análise literária e dramatúrgica Rui Pina Coelho, nos figurinos e adereços Clara Bento, na assistência de encenação Sara Castro e no desenho de luz João Cachulo. O elenco é formado por Cristiana Castro, Horácio Manuel, João Barbosa, Nicolas Brites, Raul Atalaia, Rosinda Costa e Susana Branco.

“Jerusalém” é uma co-produção do Teatro o bando com o Centro Cultural de Belém, que agora é apresentada em Coimbra, no âmbito da Residência Artística REN que decorre no Teatro da Cerca de São Bernardo até 24 de Maio e que incluirá ainda a apresentação de “A Noite” e de dois documentários sobre o trabalho do grupo, bem como conferências, conversas do público com os actores e um workshop.

Os bilhetes para os espectáculos podem ser reservados desde já e custam entre 6 e 10 Euros (ou entre 10 e 15 Euros, no caso de bilhete geral para os dois espectáculos).

Faça-nos companhia!

danças sem chão*

Domingo, Maio 17th, 2009

 

© Peter Perazio | "Un Imprudent Bonheur", L'Esquisse

© Peter Perazio | "Un Imprudent Bonheur", L'Esquisse

Primeira Fábula

Coelhos brancos nas pontas dos cabelos.

Ar, caminhar sem chão, domir no ar, escrever arcos com o corpo

Expirar, transportar uma espiral, dar marradinhas no espaço, levitar os braços

Nascer dos sinos das saias.

 

 

Fábula coreográfica para dançar (agora)

Antigamente, todos tínhamos mais ar dentro de nós do que agora.

Esse ar dava origem a que no espaço interior dos corpos pudesse haver mais vida. E havia. Havia coelhos que nasciam, cresciam dentro do corpo e faziam todos os homens saltar mais. Saltos muitos e pequenos, saltos em arco, grandes saltos e reviravoltas que levavam os corpos dos homens a saltar. Porque os coelhos dentro de si não paravam de saltar, os homens mantinham-se no ar com muita facilidade. Um dia, os coelhos quiseram fugir e saíram pelas pontas dos cabelos dos homens.

A partir daí, tudo se tornou mais complicado. Os homens, para saltar, tiveram de inventar a dança, ou então donhar bastante para poderem por vezes dormir no ar.

Experimente o coelho que poderá ter habitado dentro de si.

Dê saltos, muitos e pequenos, saltos em arco, grandes saltos e reviravoltas, respire e volte ao princípio.

Salte como quiser até ao próximo painel.

 

 

* A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com “danças sem chão” se inicia a “segunda estação” – “A dança como fábula”. A exposição pode ser visitada no TCSB, até ao final de Maio, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00). Nos dias de espectáculo, mntém-se aberta até às 24h00.