Archive for Dezembro 18th, 2014

imagens a caminho da estreia (18)

Quinta-feira, Dezembro 18th, 2014

Tudo pronto. As portas abrem às 21h30.

Foi um prazer fazer este caminho consigo, mas vai ser ainda melhor a partir de hoje.

Faça-nos companhia!

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Quando uma peça de teatro se torna uma ponte cultural

Quinta-feira, Dezembro 18th, 2014
Matéi Visniec (foto: Cato Leim)

Matéi Visniec (foto: Cato Leim)

Na origem desta peça esteve uma encomenda. Escrevi-a para a companhia Gare au Théâtre (sediada em Vitry sur Seine, perto de Paris), que pretendia prestar homenagem a Eugène Ionesco por ocasião do centenário do seu nascimento, em 2009. Mas o coração explosivo desta peça alimenta-se de uma história real, que me foi contada por um grande intelectual romeno, Nicolae Balota, um preso político nos anos 50 que viveu, numa cela partilhada com outros intelectuais condenados pelas suas ideias democráticas, um encontro incrível com a peça de Ionesco “A cantora careca”. Esta história verdadeira agradou-me e perturbou-me muito. Resume-se em duas palavras: uma noite, quatro presos políticos divertem-se à grande quando um deles conta de memória a peça de Ionesco, obra-prima do teatro do absurdo.

Com efeito, é por comodidade que dizemos que uma certa categoria de obras literárias é “absurda”. Na realidade, a história e a sociedade é que são por vezes absurdas, monstruosas, grotescas, irracionais. A literatura não é mais do que o espelho do homem e dos seus sofrimentos, das suas dúvidas e dos seus combates. Eu tive essa “revelação” ainda na época em que vivia na Roménia, sob um regime imposto por Estaline após a segunda guerra mundial. Conheci a censura, o culto da personalidade levado ao extremo pelo casal presidencial (Elena e Nicolae Ceausescu), o medo e a intimidação. Mas ao mesmo tempo eu faço parte de uma geração que encontrou na resistência cultural a resposta para a lavagem ao cérebro, o seu orgulho e a sua dignidade. A personagem principal da minha peça, o Poeta, é inspirada naquilo que eu vivi, vi ou ouvi. É o homem que, perante a estupidez, a ideologia única, a força bruta, nunca cede, que permanece livre no seu coração e na sua alma, mesmo a partir do momento em que é fisicamente atingido.

A cultura foi sempre um espaço de liberdade e de reflexão, de resistência contra a arregimentação do homem e contra a manipulação (pelas “grandes ideias” mas também pela sociedade de consumo, pela publicidade, e pela indústria de entretenimento ou pela imagem, tão poderosa nos nossos dias). A minha peça é, neste novo contexto, um exercício de memória. Mas creio que ela permanece actual, porque outros totalitarismos nos ameaçam hoje em dia. Na época do comunismo de estado, na União Soviética e nos países da Europa de Leste, pretendia-se “construir” o homem novo, dócil e submisso ao poder político. Hoje, a sociedade de hiperconsumo que estamos em vias de aceitar transforma o cidadão num consumidor dócil, submisso ao poder comercial e mediático.

Eis pelo menos uma razão pela qual eu creio que é preciso ver nesta peça um espelho que se dirige também ao nosso tempo, que se coloca diante de nós para nos obrigar a reflectir, a não esquecermos uma certa página da história da Europa, e a prestar homenagem à força da palavra… Tenho de agradecer a toda essa maravilhosa equipa de atores e ao seu encenador que, aqui, em Coimbra, tiveram a audácia de optar por este texto que eu escrevi em Paris sobre as ruínas das minhas angústias romenas… Vejo nesta circulação de ideias e de textos literários através da Europa uma esperança. Portugal e a Roménia estão situados nas extremidades do espaço da latinidade. Estou feliz por a minha peça poder ser também uma modesta “ponte cultural” entre dois povos que partilham uma herança espiritual comum.

Matéi Visniec
Dezembro de 2014
[texto escrito para o programa do espectáculo]

Hoje no TCSB: “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” – Estreia!

Quinta-feira, Dezembro 18th, 2014

Estreia hoje a nova produção d’A Escola da Noite: “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”, de Matéi Visniec.

A temporada inicial tem apenas 4 dias e a sessão de hoje já está esgotada. Reserve os seus bilhetes pelos contactos habituais da companhia: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Igor Lebreaud, Jorge LOureiro, Filipe Eusébio e Miguel Magalhães, "Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres" - foto de ensaio (© A Escola da Noite/2014)

Igor Lebreaud, Jorge Loureiro, Filipe Eusébio e Miguel Magalhães, “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” – foto de ensaio (© A Escola da Noite/2014)

TEATRO (ESTREIA)
Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres
de Matéi Visniec
encenação António Augusto Barros

Sérgiu Penegaru é um escritor que se recusa a escrever poemas patrióticos e admira o surrealismo. Na Roménia comunista do final da década de 50 do século XX, isso é suficiente para que entre na “lista negra”. As suas obras são proibidas e é preso em Sighet – a penitenciária que realmente existiu, por onde passaram e onde morreram dezenas de presos políticos nesse período.
Como forma de resistir ao cárcere, Penegaru e os seus três companheiros de cela divertem-se a representar “A cantora careca”, de Eugène Ionesco. O teatro – e, em particular, o teatro do absurdo de Ionesco – não só ajuda os quatro homens a distanciarem-se do horror com que são confrontados como acentua o absurdo da própria realidade em que vivem. Não se trata apenas de sobreviverem fisicamente, ainda que isso estivesse também em causa. Trata-se, como sempre acontece contra regimes totalitários e opressivos, de salvaguardar a liberdade de pensamento individual, de resistir à mais perigosa das manipulações, aquela que é operada dentro das próprias cabeças dos seres humanos. Neste sentido, tanto as anedotas políticas que Penegaru tem sempre para contar, como a poesia que não consegue parar de escrever, como o teatro que leva para dentro da prisão são mais do que escapes ou do que fugas à realidade. São formas activas de resistência e de luta pela liberdade e, portanto, pela dignidade humana.

tradução Luiza Jatobá versão António Augusto Barros e Sofia Lobo elenco Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Jorge Loureiro, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash, Sofia Lobo e Joel Santos, Mariana Duarte, Tiago Martins* cenografia João Mendes Ribeiro figurinos, adereços e imagem gráfica Ana Rosa Assunção desenho de luz Rui Simão vídeo Eduardo Pinto som Zé Diogo

Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
18 a 21 de Dezembro
quinta a sábado, 21h30 > domingo, 16h00
M/14 > 2h30 (aprox.)
Preços: 10 Euros > estudantes, jovens, maiores de 65 anos, profissionais e amadores de teatro – 6,00 Euros > funcionários da CMC, sócios da Associação de Profissionais de Serviço Social – 5,00 Euros

informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
www.aescoladanoite.pt

* Estagiários/as do 3.º Ano do Curso Profissional de Artes do Espectáculo / Interpretação do Colégio São Teotónio

Teatro contra os totalitarismos

Quinta-feira, Dezembro 18th, 2014
Público, 18/12/2014

Público, 18/12/2014

Pelo livre pensamento

Quinta-feira, Dezembro 18th, 2014
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Visão, 18/12/2014