BAIXO: Pobres bichos. Qualquer dia dão-lhes uma injecção e substituem-nos por animais alegres, às cores. É disso que as pessoas gostam. As pessoas são assim.
A Escola da Noite deseja-lhe um ano alegre e às cores.
Cheio de teatro, claro.
BAIXO: Pobres bichos. Qualquer dia dão-lhes uma injecção e substituem-nos por animais alegres, às cores. É disso que as pessoas gostam. As pessoas são assim.
A Escola da Noite deseja-lhe um ano alegre e às cores.
Cheio de teatro, claro.
A Escola da Noite inicia no próximo dia 5 de Janeiro, quinta-feira, a segunda temporada do espectáculo “Animais Nocturnos”, de Juan Mayorga. Estreada a 15 de Dezembro, a 55.ª produção da companhia de Coimbra encerra o ciclo dedicado à dramaturgia espanhola contemporânea.
O espectáculo parte da chantagem exercida sobre um imigrante sem-papéis numa cidade dos nossos dias. Quatro personagens, nomeadas apenas pela sua estatura física, dão corpo a uma inusitada e aparentemente irracional situação de escravatura, marcada pelo medo e por uma violência latente. O Homem Baixo, vizinho de cima do Homem Alto, descobre que este vive em situação ilegal e aproveita-se disso para exercer sobre ele a sua autoridade, alterando radicalmente as suas vidas. À volta do seu tema central – a discriminação de que são alvo os estrangeiros e o papel legitimador da lei nessa discriminação – o texto de Mayorga percorre outros temas comuns nas sociedades europeias contemporâneas, como a solidão e a dificuldade de comunicação e de partilha de afectos. Tal como na generalidade das suas obras, o autor espanhol evita as respostas fáceis e qualquer tipo de moralismo – uma estratégia para “forçar” o espectador a confrontar-se com as suas próprias “verdades” e contradições. A mais recente produção d’A Escola da Noite estreou no passado dia 15 e cumpriu uma primeira e curta temporada nos últimos dias de Dezembro. Retoma agora a partir de 5 de Janeiro, mantendo-se em cena até ao dia 29, de quinta a sábado à noite e aos domingos à tarde.
ANIMAIS NOCTURNOS
texto Juan Mayorga tradução António Gonçalves encenação António Augusto Barros interpretação Maria João Robalo, Miguel Lança, Miguel Magalhães, Sofia Lobo cenografia António Augusto Barros, João Mendes Ribeiro figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz Danilo Pinto sonoplastia Eduardo Gama
M/12 > 90? (aprox.)
Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
5 a 29 de Janeiro de 2012
quinta a sábado, 21h30; domingos, 16h00
informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488
No Expresso desta semana (versão impressa, páginas centrais) vêm umas belas ilustrações de Gonçalo Viana e um conjunto de certezas que Ricardo Marques, o autor da peça, foi buscar ao “Projecto C”, um “laboratório de investigação aplicada” que estuda os comportamentos do “consumidor português”.
A tese geral é a de que, no próximo ano, vamos todos ficar “escondidos em casa”, por causa da crise. O consumo cultural é referido num parágrafo intitulado “um passado de excessos”, que não resistimos a transcrever:
Esqueça os armários cheios de roupa que só veste uma vez. As revistas que compra e não lê e os electrodomésticos que nunca saem da caixa também. Os portugueses estão cada vez mais criteriosos na hora de gastar dinheiro. Restauração (jantar fora), entretenimento, vestuário e telecomunicações são as três categorias [sic] em que o consumo excessivo vai diminuir. (destaque nosso).
Acha mesmo que foi demasiado ao teatro? Ou à dança? Ou ao cinema? E que comprou livros demais?
BAIXO: Estou a fazer um comboio nocturno. Mas não como é costume, com duas ou três luzinhas. Estou-te a falar da lua, e de estrelas eléctricas. E sobretudo do mistério, que tem que se notar nos bonecos.
Juan Mayorga, Animais Nocturnos (tradução: António Gonçalves)